Se no setor de exportação o clima é de angústia com a baixa cotação do dólar, quem ganha a vida com o turismo está rindo à toa. Com o câmbio favorável e com as boas marcas de empregos e salários alcançados no País, o brasileiro está voltando a consumir viagens. "As perspectivas para as agências de turismo em 2005 são as melhores possíveis. O crescimento na temporada de verão ficará entre 15 e 20% e se espera um aumento de 10% nas viagens internacionais", comemora Joel Duarte, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) no Paraná.
E o Paraná acompanha essa tendência. "O Estado fica até um pouco acima da média no caso das viagens internacionais", explica Duarte, não revelando o número exato. Ele diz que o resultado do aquecimento no setor pode ser medido pelas filas para reserva nos vôos internacionais e a paciência necessária para conseguir vistos e tirar ou renovar o passaporte. "Depois de muito tempo, as agências de turismo voltam a experimentar o crescimento".
Segundo o presidente da Abav, o turismo em direção ao exterior está voltando aos mesmos níveis de 2001, quando foi seriamente afetado pelos atentados de 11 de setembro e pelos sucessivos aumentos no dólar. "Mas isso acabou fortalecendo o turismo interno". Duarte explica que depois dos atentados terroristas, o crescimento do turismo dentro do Brasil foi grande. "Quem normalmente ia para Nova York aproveitou para conhecer o Pantanal", diz. Além disso, o País se tornou um atrativo para estrangeiros por causa do câmbio convidativo e por ser estar livre do terrorismo.
Duarte crê que mesmo com a volta do turismo internacional, muita gente continuará a fazer turismo interno, já que, com a economia favorável, a base de viajantes tem aumentado continuamente. "Além dos clientes habituais, as agências recebem muitos clientes novos todos os dias."
Segundo o presidente da Abav, no caso do turismo em direção ao Paraná, existem duas realidades distintas. "A primeira são das cidades emissivas, como Curitiba, que mandam muitos turista para fora. Outra é Foz do Iguaçu, que é a terceira cidade do País que mais recebe visitantes e que espera ter crescimento em 2005."
Os principais destinos do paranaense quando viaja, segundo a Abav-PR, são as praias do Nordeste brasileiro, Foz do Iguaçu e Santa Catarina. O destino internacional mais requisitado é Buenos Aires.
Curitiba
Duarte conta que Curitiba também está se tornando um pólo de atração de turistas para o Estado, uma espécie de "mini-São Paulo". "O que a capital oferece é um turismo de eventos. No ano passado a cidade recebeu cerca de 1,65 milhão de turistas, sendo que a maioria absoluta veio para fazer negócios ou para alguma convenção", explica. Ele completa que isso caracteriza Curitiba como uma cidade de passagem. "As pessoas ficam por aqui dois ou três dias."
Para Duarte, o turismo é um ótimo mercado para investir, tendo até mesmo proporcionado mudanças no perfil da cidade, com o aparecimento de mais hotéis e infra-estrutura para eventos. "Há 10 anos a cidade não tinha a noite que tem hoje, com a abertura de diversos restaurantes, bares e casas noturnas que têm programação durante toda a semana para atender aos viajantes."
Emissão de passaporte cresce
A emissão de passaportes apresentou grande crescimento nos meses de dezembro e janeiro. "No final de 2003, nesses meses eram emitidos aproximadamente 120 documentos por dia. Agora estamos emitindo perto de 160, um aumento de mais de 30%", afirma Altair Menosso da Costa, da assessoria de Comunicação da Polícia Federal. A média diária, em meses anteriores, fica próximo de 100 documentos.
Joel Duarte, presidente da Abav, concorda que o crescimento é grande. Lembra que o mesmo fenômeno está ocorrendo com a emissão de vistos para países como os Estados Unidos. "Em São Paulo, onde é feita a requisição para o documento, o consulado norte-americano está tendo que abrir aos sábados, pois não está dando conta de atender todo mundo durante a semana", diz.
Mesmo com a grande demanda, o assessor da PF garante que os passaportes são entregues no mesmo dia que são solicitados. "Se a documentação estiver correta, mesmo que enfrente fila, o cidadão deixa a documentação necessária pela manhã e pega o passaporte à tarde. Em caso de emergência, sai em menos de uma hora", afirma Costa.
Ele conta que os funcionários da PF notaram também aumento da emissão para pessoas de baixa renda. "Pelo que apuramos, são pessoas que estão deixando o país em busca de oportunidades de trabalho."
Costa lembra que está prevista para outubro a entrada de um novo modelo de passaporte, seguindo normas internacionais. "Aconselhamos que, se a pessoa não tem pressa para tirar o documento, aguarde até lá para não ter que renovar logo em seguida". (Diogo Dreyer)
