O coordenador-geral de operações da Dívida Pública, Leandro Secunho, avaliou nesta segunda-feira, 25, que a turbulência política de março obrigou o Tesouro Nacional a alterar sua estratégia de gestão da dívida. “Qualquer tipo de incerteza, política ou não, traz volatilidade aos mercados. Houve volatilidade em março, mas nada fora do normal”, afirmou.

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Segundo ele, as taxas estão “bem comportadas” e em queda, e os leilões de março e abril forma bem sucedidos. “Não há uma volatilidade extrema como ocorreu em setembro, quando o Tesouro precisou fazer leilões de compra e venda. No momento, não temos observado nenhuma dificuldade nas emissões”, acrescentou.

PAF

Leandro Secunho destacou que o estoque do endividamento de R$ 2,886 trilhões em março ainda está fora do previsto no Plano Anual de financiamento (PAF) de 2016, cujos limites vão de R$ 3,1 trilhões a R$ 3,3 trilhões. “Esperamos encerrar o ano dentro do intervalo, já que ainda restam nove meses neste exercício”, avaliou. Ele explicou que o aumento de 2,38% da dívida em março se deveu à apropriação de juros e emissão líquida de títulos no mês.

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Sobre a participação dos títulos que compõem o estoque da dívida, Secunho destacou que o volume de papéis remunerados pela Selic ainda está muito distante do previsto no PAF. Em março, essa parcela estava em 24,92%, quando os limites do PAF vão de 29% a 33%. Segundo ele, isso ocorre porque há pouquíssimos vencimentos de títulos remunerados pela Selic até o fim do exercício.

“Até o fim de 2016, os vencimentos de prefixados somam R$ 330 bilhões, os de índices de preços somam R$ 115 bilhões e os de Selic somam apenas R$ 14 bilhões”, explicou. “A nossa expectativa é de que em dezembro, os títulos atrelados à taxa flutuante retornem para as bandas do PAF”, completou.

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Secunho disse ainda que a expectativa do Tesouro é de que a participação das instituições financeiras como detentores dos papéis da dívida – que subiu em março para 24,28% – volte a cair em abril, com o vencimento de títulos. “Em março, os investidores estrangeiros se desfizeram de R$ 35 bilhões em títulos com vencimento em 1º de abril e esses papéis foram absorvidos pelas instituições financeiras, Agora em abril, com o vencimento, esses títulos saem das carteiras dos bancos”, explicou.

Vencimentos

Leandro Secunho explicou que houve um aumento marginal dos títulos que vencem em 12 meses devido a efeitos estatísticos, com a saída de março de 2015 dessa contabilização. O porcentual está em 22,65%, enquanto os limites do PAF de 2016 preveem número de 16% a 19% para este ano.

“O vencimento da dívida estar fora do PAF não é motivo de preocupação no momento. A expectativa é estarmos dentro dos limites em 31 de dezembro. O PAF prevê um dos porcentuais mais baixos da história para o vencimento da dívida em 12 meses”, avaliou.

Já o prazo médio da dívida caiu em março devido à queda do prazo médio das emissões no mês. Ainda assim, Secunho destacou que o Tesouro também emitiu mais títulos prefixados de longo prazo no mês passado. “Apesar da queda de prazo médio do estoque, o prazo médio das emissões de prefixados teve aumento relevante. Isso vai na direção correta”, afirmou.

Secunho citou também enfatizou a queda no custo médio da dívida nos últimos 12 meses, que em março caiu para 14,15%, o menor patamar desde maio de 2015. Segundo ele, no caso da dívida externa, a variação se deve à variação do câmbio em março. Já em relação à dívida interna, o movimento se deve à retirada de março de 2015 na estatística. “O índice de preços (inflação) em março de 2016 é menor que o de março do ano passado”, explicou.

O coordenador informou ainda que o custo médio das emissões de março continuam menores que o custo médio do estoque da dívida. Por isso, as emissões no mês passado também ajudaram a reduzir o custo médio total do endividamento do Tesouro.

Sobre o mercado secundário em março, Secunho destacou que 70% das negociações no mês passado foram de títulos prefixados. “Houve aumento do giro total e vemos uma tendência nesse sentido. Os títulos estão sendo mais negociados no mercado secundário, inclusive em relação ao seu estoque”, completou.