O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), afirmou que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, “deixou a porta aberta” para as negociações sobre a reforma da Previdência com a bancada. Os deputados tucanos se reuniram nesta terça-feira, 21, por cerca de três horas com Meirelles. No encontro, o ministro deixou claro aos parlamentares que se algum ponto da reforma for retirado, outro equivalente precisa ser incluído.
O PSDB é autor de uma emenda que modifica trecho sobre o Benefício de Prestação Continuada (BPC) do projeto enviado pelo governo. “Tudo bem, todos somos favoráveis ao maior número de benefícios. A questão é que precisamos pagar isso e quem paga é a população brasileira. Precisamos equilibrar esses benefícios. Discutimos que se tirar algo, vai ter que colocar algo equivalente. O que não é possível é fazermos de conta que ninguém está pagando. O efeito disso é dramático”, considerou Meirelles sobre os pleitos dos tucanos.
O ministro avaliou a reunião com a bancada do PSDB como “muito produtiva e interessante” com propostas e discussões “muito sérias”. “Levei para a bancada o meu ponto de vista de que a reforma da Previdência não é uma vontade ou uma opinião. É uma necessidade”, disse o ministro. “Por mim todo mundo poderia se aposentar aos 50 anos, mas essa é uma conta que alguém tem que pagar”, reforçou.
Segundo o líder do PSDB, o partido possui cerca de oito pontos de divergência com a proposta do governo, que foram entregues por escrito ao ministro e ao secretário da Previdência, Marcelo Caetano. O secretário deve se reunir novamente com a bancada até a semana que vem, quando já deve prestar outros esclarecimentos sobre os questionamentos dos tucanos.
Tripoli disse que a reunião foi voltada para a questão previdenciária com viés tributário. “O ministro foi muito sabatinado, apertado pela bancada”, contou. Temas em que há consenso na bancada, como a paridade na idade mínima de aposentadoria para homens e mulheres, não chegaram a ser discutidos.
Após a reunião, Meirelles disse ainda que a reforma precisa estar de acordo com a população. “O povo brasileiro tem que decidir o que é melhor. Precisamos melhorar a comunicação visando esclarecer para que as pessoas possam tomar a sua decisão de apoiar ou não a reforma”, afirmou.
Questionado sobre a previsão de votação da reforma da Previdência ainda no primeiro semestre, Meirelles respondeu que ainda não é possível prever uma data. “Estamos conversando com bancadas, mas todo mundo espera que aconteça muito rapidamente”, disse.
Meirelles voltou a defender que o objetivo da reforma é “garantir que o Brasil volte a ter condições para crescer”. “Vamos chegar no final do ano crescendo bem e entrando no próximo ano em 2018 com crescimento de mais de 3% ao ano. Para quem estava caído é um progresso extraordinário”, declarou.