Tributos e câmbio ainda exercem grande influência nos negócios

A carga tributária e a política cambial são os dois itens que mais preocupam os empresários da região Sul do país, e também os fatores que mais influenciam nos negócios dessas empresas. Estas são apenas duas das várias conclusões da 2.ª Sondagem Empresarial ?A Força do Sul?, realizada pela empresa Price Water House Coopers, em parceria com o Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças no Paraná (IBEF-PR). A pesquisa foi feita em janeiro deste ano e ouviu 81 empresários da região Sul.

Pelo menos 69% dos empresários ouvidos pela pesquisa apontaram que a carga tributária pode afetar negativamente as empresas. Quase metade deles (48,1%) disseram que uma das principais preocupações neste ano é a reforma tributária. Um dos sócios da Price, Carlos Biedermann, diz que este problema vem afetando o Paraná no que diz respeito a atração de novos investidores. ?O estado do Paraná já foi mais receptivo no passado, agora a preferência na região Sul está com o Rio Grande do Sul. Tudo por conta da carga tributária e dos incentivos?, afirmou o empresário.

Na opinião do diretor regional da Pactum Consultoria Empresarial e também advogado tributarista, Gilson Faust, o sentimento do empresariado da região Sul coincide com o do restante do país. ?A carga tributária no Brasil é uma das mais altas do mundo, e isso atrapalha toda a economia?, afirma. Segundo ele, o peso dos tributos não representam desvantagens apenas para os empresários, mas chegam diretamente ao consumidor, que muitas vezes nem imagina o quanto está sendo prejudicado. ?Os tributos refletem nos preços dos produtos e as empresas passam a ter menos lucro?, explica.

Os analistas dizem, ainda, que o momento atual é perfeito para se tentar resolver a questão da carga tributária, uma vez que a economia brasileira está crescendo. Para Faust, o estado brasileiro deve ser reduzido para que os tributos automaticamente também diminuam. Ou seja, é preciso um choque de gestão no Brasil. ?Além de ser grande, o estado arrecada muito e gasta de maneira errada. É preciso que o estado diminua seus gastos e delegue mais atividades à iniciativa privada. Poderia-se até mesmo criar mecanismos de premiar os funcionários públicos que gastassem pouco?, analisa. E o consultor vai mais além. ?Se houvesse um sistema tributário simplificado, creio que os empresários até prefeririam pagá-los. O valor alto provoca outras conseqüências, como a sonegação e a informalidade?, afirma.

O membro consultivo do IBEF-PR, José Écio Pereira da Costa Júnior, diz que a reforma tributária deve ser mais efetiva do que a que está sendo apresentada pelo governo federal. Mas para ele, as empresas devem se preocupar com a transparência para se manter bem no mercado. ?É preciso que as empresas tenham comitês de auditoria mais fortes e prestem contas de tudo que gastam para os sócios e também para outras empresas, até para dar coerência ao mercado?, analisa.

No Sul, Paraná é o que terá mais investimentos

Apesar dos problemas que afetam o bom desenvolvimento das empresas, a pesquisa da Price trouxe um cenário de otimismo para 2008. Principalmente para o Paraná. Na opinião dos empresários, os investimentos na região Sul neste ano serão feitos em maior número no Paraná (28,4% dos votos), seguido por Santa Catarina (23,5%).

Para o cenário nacional, os empresários também estão muito otimistas. 58% deles disseram que as expectativas para 2008 são melhores que as de 2007. 63% afirmaram que a participação das empresas no mercado será maior este ano do que no ano passado, contra apenas 9,9% deles que disseram que será menor.

Apesar da carga tributária, os executivos (65% dos entrevistados) também afirmaram que a posição competitiva das empresas será melhor este ano, além da lucratividade maior também. ?Fizemos a pesquisa em janeiro, quando não tínhamos ainda a influência da crise dos Estados Unidos. Mas creio que este otimismo vai continuar durante o ano, talvez apenas os níveis de investimento tenham uma velocidade menor?, comentou o membro consultivo do IBEF-PR, José Écio Pereira da Costa Júnior.

Com relação ao PIB (Produto Interno Bruto), grande parte dos empresários (42%) acredita que o índice vai ficar em 4% e a taxa de câmbio em R$ 1,80 (61,7% deles). Já com relação à taxa de inflação, 58% dos empresários acham que ela vai variar entre 3% e 5% em 2008.

Um ?toque? de pessimismo na pesquisa foi traduzido pela previsão de contratações. Apesar de metade dos empresários entrevistados acreditar na necessidade de contratações, a quantidade de vagas (de cada um deles) não deve passar de 50, em sua maioria. Apenas 2,4% deles disseram que irão contratar mais de mil funcionários.

A pesquisa traz ainda algumas considerações sobre as três capitais do Sul. 45,7% dos empresários disseram acreditar que a competitividade de Curitiba será maior em 2008 em relação às demais capitais brasileiras, contra apenas 17,3% que apontaram Florianópolis, e 21%, Porto Alegre.

A sondagem também pesquisou entre os empresários quais seriam os setores promissores para cada estado. No Paraná, o setor de agrobusiness liderou com 58% dos votos. Em Santa Catarina, o setor de turismo e hotelaria venceu (37%). No Rio Grande do Sul, o agrobusiness também foi o mais votado, com 59,3% dos votos dos empresários.

A maior parte das empresas que participaram da pesquisa são do ramo de agrobusiness e serviços, com faturamento acima de R$ 100 milhões em 2007 e, ainda, com mais de mil empregados. (MA)

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