Trem de Prata tinha conforto sem pressa

O Brasil já foi um País sobre trilhos. No fim da Segunda Guerra Mundial, as ferrovias intermunicipais e interestaduais transportavam 70 milhões de passageiros por ano, sem contar os trens urbanos. Naquela época, o serviço era feito por 43 operadoras, que iam desde Central do Brasil (RJ) e Companhia Paulista de Estradas de Ferro (SP) até as remotas Nazaré (BA) e Itabapoana (ES), destaca Gerson Toller, especialista no setor. O número de passageiros chegou ao pico de 100 milhões em 1960 – próximo do número que hoje é transportado pelos ônibus em todo País, de 133 milhões.

Praticamente todos os serviços foram extintos no fim do século 20, com a decadência da Rede Ferroviária e da Fepasa. Antes disso, o brasileiro conheceu o glamour ferroviário do Trem de Prata, que fazia o trajeto que o trem-bala deve fazer no futuro, entre Rio e São Paulo. Com vagões aconchegantes e ambientes românticos, a composição circulou entre dezembro de 1994 e novembro de 1998.

A malha ferroviária entre os dois Estados foi construída em 1949 e se chamava Santa Cruz. Durante 40 anos, os trens da operadora circularam pelo trecho, até a última viagem em fevereiro de 1991. O Trem de Prata foi uma tentativa de retomar o transporte de passageiros entre as duas regiões. Em 1994, a Rede Ferroviária decidiu fazer uma parceria com a iniciativa privada e retomou o serviço. O Trem de Prata operava à noite e demorava 9h30 para chegar ao destino.

Mas os passageiros não reclamavam. Em vagões-leito, com banheiro privativo, chuveiro e água quente, eles tinham direito até a um jantar francês, com som ambiente e luz de abajures.

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