O racionamento do gás natural, que estava previsto para ter início a partir da 0h de hoje, só será adotado a partir de quinta-feira, dia 13. A decisão foi tomada pelo Ministério de Minas e Energia, que estabeleceu um plano de contingência por conta do rompimento de um duto usado pela Petrobras na Bolívia, no último dia 2. Por enquanto está descartado racionamento do produto para uso em veículos.
Segundo a Companhia Paranaense de Gás (Compagas), a prorrogação foi feita porque o Ministério informou às distribuidoras que a entrada de gás natural na Bolívia está superando as expectativas. ?Pode até ser que, até quinta-feira, não haja necessidade de que a redução do consumo ocorra. Para isso, as distribuidoras serão informadas pelo Ministério sobre a necessidade ou não do início do plano de contingenciamento?, informou a Compagas em nota distribuída ontem à imprensa. O início do racionamento foi adiado para a 0h do dia 13 de abril. Em reunião realizada no Ministério de Minas e Energia na última sexta-feira, a Compagas e outras distribuidoras de gás natural foram impelidas a reduzir em 12% o fornecimento do combustível. Mas ontem os números foram revistos e o Ministério adotou o índice de 9,3% de redução. A direção da Compagas informou que espera retomar a provisão em no máximo quinze dias.
Reformas
As obras no duto que transporta o gás vindo da Bolívia já começaram e a Petrobras estima que os reparos estejam concluídos dentro de uma semana com retorno do bombeamento do gás, informou ontem a assessoria de imprensa da estatal.
O racionamento de gás natural foi anunciado pelo governo federal na última sexta-feira, por causa do rompimento de um duto operado pela Petrobras na Bolívia. As medidas de restrição incluem a redução de 72% no suprimento que atende as termelétricas, 51% no consumo próprio da Petrobrás em suas refinarias e a redução de até 12% na oferta de gás para as distribuidoras dos estados.
O racionamento deve atingir principalmente os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul que são abastecidos pelo gasoduto Brasil-Bolívia.
Plano B
Empresas do setor cerâmico instaladas em Campo Largo estão preocupadas com o possível racionamento de gás natural. ?Está todo mundo preocupado e já preparando o plano B?, afirmou o presidente do Sindicato da Indústria de Vidros, Cristais, Espelhos, Cerâmica, Louça e Porcelana do Paraná (Sindilouças-PR), José Canisso. Segundo ele, das 35 indústrias do setor instaladas em Campo Largo, pelo menos oito utilizam o gás natural como combustível, entre elas gigantes como a Incepa e a Schmidt.
?A questão é que não há como racionar. A chama não tem como ser diminuída?, explicou. Segundo ele, nesse caso o jeito será buscar outras alternativas de combustíveis, como lenha e GLP. O problema é que algumas empresas dependem exclusivamente do gás natural.
?A Incepa, por exemplo, só usa gás natural?, afirmou Canisso. Segundo ele, para que o forno passe a operar com derivado de petróleo é preciso trocar os bicos e o comando do forno, o que leva de três a quatro dias. O custo da produção também aumenta, de 10% a 20%, segundo ele. Já indústrias como a Germer e a Schmidt têm alternativas como o abastecimento à lenha. O problema, nesse caso, é a qualidade inferior. ?É um gás pobre, com perda de até 15%, enquanto a perda do gás natural é de 5%?, explicou.
A expectativa, segundo ele, é que as fábricas do setor de cerâmica e porcelana não sejam atingidos pelo racionamento. ?Está todo mundo com o plano B, mas a gente espera que o setor não seja atingido. Estamos conversando e negociando com a Compagas, a Petrobras, estamos incomodando meio mundo para impedir que o setor seja afetado.?