Brasília (AG) – As exportações garantiram neste ano um desempenho recorde das contas externas brasileiras e ainda compensaram o baixo fluxo de empréstimos e investimentos estrangeiros. Em setembro, as transações correntes (soma de comércio exterior, viagens, pagamento de juros e remessas de lucros) registraram um superávit de US$ 1,741 bilhão, contra US$ 1,319 bilhão no mesmo mês de 2003. O resultado se deve basicamente ao aumento do superávit comercial, que passou de US$ 2,664 bilhões, em setembro do ano passado, para US$ 3,171 bilhões em setembro de 2004.
Nos últimos doze meses, o superávit corrente acumulado está em US$ 9,821 bilhões, o que equivale a 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB). No acumulado do ano, as transações correntes registram superávit de US$ 9,603 bilhões, contra US$ 3,790 bilhões em 2003. Este resultado é o dobro de todo o ano passado, quando o superávit corrente foi de US$ 4,008 bilhões. Os números das transações correntes são os melhores da série histórica iniciada em 1947.
A situação atual inverteu o quadro do governo Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 2002, quando havia altos déficits correntes financiados com grande entrada de empréstimos e investimentos. Em setembro, a conta financeira ficou negativa em US$ 1,713 bilhão, frente ao superávit de US$ 2,415 bilhões em igual mês do ano passado.
A dívida externa caiu de US$ 214,9 bilhões, em dezembro de 2003, para US$ 202,9 bilhões em julho passado. Com alto superávit em transações correntes, a economia brasileira não tem necessidade de se endividar e de investimentos estrangeiros diretos que chegaram a ser a principal fonte de financiamento externo nos útlimos anos. Os investimentos diretos somaram US$ 646 milhões em setembro, contra US$ 739 bilhões no mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, esses recursos atingiram US$ 12,381 bilhões, que foi quase o dobro dos US$ 6,647 bilhões de janeiro a setembro de 2003.
“Se for confirmada a estimativa de entrada de US$ 1,6 bilhão de investimento direto em outubro, serão necessários US$ 1,5 bilhão em novembro e dezembro para atingir os US$ 17 bilhões previstos para este ano”, disse Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do Banco Central.