A conta de transações correntes do Brasil registrou em fevereiro déficit de US$ 1,766 bilhão, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Banco Central (BC) do balanço de pagamentos, que registra todas as transações do País com o exterior. O balanço de pagamentos teve superávit de US$ 1,4 bilhão em fevereiro.

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De acordo com o BC, a maior contribuição do déficit na conta transações correntes no mês passado veio da conta de serviços, que terminou o mês com déficit de US$ 2,769 bilhões. Esse saldo negativo foi parcialmente compensado pelo superávit na balança comercial, responsável pelo ingresso de US$ 1,715 bilhão em fevereiro.

Já a conta de renda fechou o mês passado com saída líquida de US$ 875 milhões e foram registrados ainda US$ 163 milhões em ingresso de transferências unilaterais correntes. No acumulado do primeiro bimestre de 2012, a conta corrente brasileira registra saldo negativo de US$ 8,852 bilhões. No acumulado em 12 meses até fevereiro, o déficit alcança US$ 52,371 bilhões ou 2,09% do Produto Interno Bruto (PIB).

IED

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Os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) somaram US$ 3,648 bilhões em fevereiro. O resultado ficou dentro das previsões dos analistas consultados pelo AE Projeções, que oscilavam de US$ 2,500 bilhões a US$ 6,900 bilhões. A cifra superou a mediana das projeções, que era de US$ 3,200 bilhões.

No primeiro bimestre, o IED soma US$ 9,080 bilhões. Em 12 meses, o ingresso de investimento para o setor produtivo no País totalizou US$ 64,992 bilhões, o equivalente a 2,60% do PIB. O BC manteve a expectativa de que o Brasil deve receber US$ 50 bilhões em IED.

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Os investimentos estrangeiros em ações brasileiras somou US$ 768 milhões em fevereiro. O valor é maior que o observado em igual mês do ano anterior, quando os estrangeiros adquiriram US$ 587 milhões. Segundo o BC, o aumento da posição de estrangeiros em ações ocorreu exclusivamente nos papéis negociados no Brasil, mercado em que esses investidores compraram US$ 794 milhões no mês passado. Já os recibos de ações brasileiras negociados no Exterior, como os ADRs, registraram saída líquida de US$ 26 milhões.

O BC também informou que os estrangeiros aumentaram a posição em títulos de renda fixa brasileiros em US$ 378 milhões em fevereiro. Desse montante, US$ 628 milhões foram adquiridos em papéis negociados no exterior. Já os títulos vendidos no Brasil registraram saída líquida de US$ 250 milhões.

Viagens internacionais

O Brasil registrou déficit de US$ 1,129 bilhão na conta de viagens internacionais em fevereiro e um resultado negativo de US$ 2,464 bilhões no primeiro bimestre do ano. O resultado do mês é a diferença entre os gastos de brasileiros no exterior de US$ 1,746 bilhão e receitas com turistas estrangeiros no Brasil de US$ 617 milhões.

As remessas de lucros e dividendos somaram US$ 528 milhões em fevereiro e US$ 1,510 bilhão no primeiro bimestre. O resultado acumulado no ano está abaixo dos US$ 4,682 bilhões verificados nos dois primeiros meses do ano passado. O BC informou também que as remessas para pagamento de juros foram de US$ 382 milhões em fevereiro e US$ 2,009 bilhões no acumulado do ano.

A dívida externa estimada pelo BC chegou a US$ 301,109 bilhões em fevereiro, representando um aumento de US$ 2,9 bilhões em relação ao apurado em dezembro de 2011. A dívida de longo prazo alcançou US$ 262,135 bilhões e a parcela com vencimento no curto prazo ficou em US$ 38,974 bilhões. O BC informou ainda que a taxa de rolagem de empréstimos de médio e longo prazos foi de 277% em fevereiro, incluindo desembolsos e amortizações. No primeiro bimestre, a taxa de rolagem ficou em 281%.

Projeções

O BC também divulgou um aumento da estimativa de déficit em transações correntes em 2012. De acordo com o relatório do setor externo, a previsão de salto negativo em conta corrente passou de US$ 65 bilhões para US$ 68 bilhões. Entre as componentes da conta corrente brasileira, a expectativa de superávit comercial neste ano diminuiu de US$ 23 bilhões para US$ 21 bilhões. Na conta de serviços a tendência foi contrária e a expectativa de déficit cresceu de US$ 39,5 bilhões para Us$ 42,1 bilhões.

Entre os componentes da conta de serviços, a previsão de déficit em viagens internacionais aumentou de US$ 14,5 bilhões para US$ 15,5 bilhões. Já a expectativa de gastos com transportes passou de US$ 8,4 bilhões para US$ 10 bilhões.

O BC também revisou a previsão de déficit na conta de renda neste ano, que caiu de US$ 51,2 bilhões para US$ 49,6 bilhões. Nesta cifra, a expectativa de remessa de lucros e dividendos por multinacionais instaladas no Brasil diminuiu de US$ 39,6 bilhões para US$ 38 bilhões.