Um negócio com taxa de risco pequena, que requer investimento relativamente baixo e garante uma rentabilidade mensal entre R$ 2 mil e R$ 3 mil. Isso, somada a uma proposta de vida mais tranquila e com uma certa distância das mazelas das grandes cidades, é o que atrai comerciantes de várias partes do Estado a tentarem a sorte nas rodovias que cruzam o Paraná. Na temporada, os estabelecimentos localizados na BR-277, no trecho que liga Curitiba ao litoral, fazem a alegria dos veranistas e dos proprietários, que lançam mão de diversas estratégias de vendas para cativar os clientes e permanecerem por anos ou até mesmo pela vida inteira com as portas abertas. Aliás, negócios com mais de uma década de existência são comuns de serem encontrados ao longo de toda a rodovia.

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É o caso da família Portela, que há 12 anos abriu a Banca da Pamonha, situada no km 35. O proprietário Davi Farias Portela, natural de Mamborê, região Norte do Estado, lembra que na época em que decidiu se instalar na BR-277 viu uma oportunidade de renda atrelada à segurança. “Queria criar meus filhos sem ter medo da violência das grandes cidades e consegui fazer isso. E ainda com a vantagem de morar perto da natureza”, explica Farias. A esposa, Elisângela Gonçalves da Silva Portela, juntou-se a Davi não só no matrimônio, mas também na sociedade. É dela o mérito de desenvolver o carro-chefe da banca, a pamonha. “Apesar de ter vindo da roça, fui aprender a fazer pamonha observando minha sogra e minha cunhada. Tomei gosto pelo preparo e tive a aprovação da família e dos clientes”, comenta. A afirmação de Elisângela é apoiada pelos números.

Faturamento

Aproximadamente 90% do faturamento deles vem da pamonha. O produto conquistou a freguesia de tal modo que não é raro as pessoas chegarem à banca pedindo uma dezena de unidades para levar. “Costumo brincar que vendemos no atacado. Quase toda semana aparece alguém dizendo que um conhecido falou muito bem da nossa pamonha e isso recompensa todo o esforço que dedicamos para oferecer um produto 100% natural e fresco”, assegura Elisângela. “Preparo a massa na noite do dia anterior e, antes de adquirirmos a máquina, reservava um dia na semana para ralar todo o milho. Além disso, é preciso ter cuidado com o tipo do material usado para amarrar a pamonha, e a textura da palha. O produto exige essa dedicação para ficar bom”, ensina.

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Esses cuidados também se traduzem em demanda. Nos primeiros 15 dias desta temporada, a banca já tinha contabilizado 820 unidades vendidas, a R$ 3,50.

Fornecedores

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O casal garante que o preço permanecerá o mesmo até o Carnaval. Para isso, Davi tem acordado com os dois fornecedores de milho, um do Paraná e outro de Santa Catarina, que o reajuste da matéria-prima é anual. “Consumimos em média 600 espigas por semana. Tenho que fixar o preço para planejar meus custos”, afirma Farias. Segundo ele, a expectativa para esta temporada é de um crescimento de 40% nas vendas. “O movimento está melhor e a temporada será maior já que o Carnaval será em março. Estimamos faturar algo em torno de R$ 12 mil nestes quatro meses”, revela. No restante do ano, Farias fecha a banca porque, nos últimos anos, descobriu uma oportunidade mais rentável para a baixa temporada: o transporte rural escolar na região. “Busco estudantes em lugares bem distantes e levo para estudarem em Morretes. Isso garante uma renda melhor para os demais meses do ano, além de prestar um serviço muito importante para a nossa comunidade”, analisa Farias.

Menos vendas do outro lado da rodovia

No estabelecimento Beija-Flor, localizado há cerca 15 quilômetros da Banca da Pamonha, o clima é de insatisfação com as vendas desta temporada. “Cada ano diminui mais o movimento, mesmo estando numa época propícia para a viagem. Está só piorando a ,situação”, conta o proprietário Valdir Burin, que arrendou o local há dois anos e meio, e atende durante todo o ano. “Tem dias que não chegamos a R$ 100 em vendas”, reclama a esposa Francisca Souza e Souza.

Ela atribui o baixo volume de vendas ao fato de estarem do lado da pista de quem está indo para o litoral. “Na ida o pessoal só compra para beliscar até o final da viagem. Quem está voltando, porém, acaba levando em maior quantidade até como lembrança do litoral para a casa”, acredita Francisca.

Morretes

Apesar de reclamarem das vendas, para a temporada, eles acreditam que devem faturar algo em torno de R$ 9 mil. De acordo com o casal, nesta temporada, os produtos que mais estão saindo são aqueles com origem em Morretes. “Trabalhamos com fornecedores de diversos cantos do País, porém, a banana e os diversos produtos confeccionados e embalados por Morretes, que são os mais consumidos pelas pessoas que estão viajando pelo nosso litoral neste verão”, atesta Burin.

Ciciro Back
Francisca Souza e Valdir Burin acreditam que estão do lado errado da pista, pois faturamento é menor.