Em alguns meses, o Brasil ganhará uma nova ferramenta na batalha contra barreiras às exportações do agronegócio. Adidos agrícolas selecionados pelo governo serão integrados a oito embaixadas brasileiras localizadas em mercados-chave para o agronegócio nacional com a tarefa de tentar reduzir os entraves ao comércio de produtos agrícolas. No caso das carnes (bovina, suína e de frango), existe hoje um mercado de aproximadamente US$ 20 bilhões fechado para o País devido, principalmente, a barreiras sanitárias, difíceis de questionar na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Barreiras não-sanitárias, como a imposição de tarifas ou cotas de importação, são debatidas em painéis abertos na OMC, que ao final do processo emite um parecer sobre as partes, com a possibilidade, inclusive, de penalidade ao infrator das regras de comércio internacional. Já as barreiras sanitárias são tratadas no âmbito do Comitê de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias da OMC, cujo presidente pode apresentar uma reclamação ao país que as impõe. Mas não há um julgamento como ocorre nos painéis da OMC. Logo, o cumprimento da recomendação do órgão acaba se arrastando com o passar do tempo.
“A abertura de mercados que estão fechados por questões sanitárias exige muita diplomacia e insistência. Essa é a grande vantagem de ter um adido agrícola. Ele estará lá (no exterior) o tempo todo para cuidar dessa agenda”, afirmou o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Celio Porto. “O diálogo direto com as autoridades locais, até para esclarecer questionamentos de rotina, é muito importante”, acrescentou.
Os adidos estiveram ontem em São Paulo para reuniões com representantes dos exportadores de carne bovina, suína e de frango, de açúcar e álcool e de soja, para conhecer as prioridades de cada setor. Ainda esta semana, eles ouvirão os pleitos dos produtores de laranja, café e frutas. Na quinta-feira, visitarão o Porto de Santos para conhecer a realidade dos embarques dos produtos brasileiros. E, assim que for publicada a nomeação dos adidos no Diário Oficial da União, embarcam para uma temporada de quatro anos nos Estados Unidos, Japão, União Europeia (Bélgica), Rússia, Suíça (OMC), Argentina, China e África do Sul.
