Nenhum acordo foi fechado ainda na Campanha Salarial de Emergência do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba. A entidade reivindica das montadoras reposição salarial de 14,61% para cobrir as perdas inflacionárias desde a última data-base, em setembro de 2002. Nas assembléias realizadas ontem na porta das fábricas, os trabalhadores rejeitaram as propostas patronais apresentadas na segunda-feira à noite, em reuniões que terminaram por volta de meia-noite.
Novas rodadas de discussões entre sindicalistas e diretores das empresas ocorreram durante o dia, porém não houve avanço. As negociações com a Volkswagen/Audi, Renault/Nissan e Volvo continuam hoje.
Embora os diretores do Sindicato dos Metalúrgicos tivessem anunciado que a categoria entraria em greve por tempo indeterminado a partir de hoje, caso as negociações não evoluíssem, o mais provável é que a paralisação ocorra somente na semana que vem. Segundo apurou a reportagem, o novo adiamento do movimento grevista (inicialmente previsto para sexta-feira passada), se deve aos feriados da Semana Santa e Tiradentes. Por causa dos feriados, as linhas de produção da Volkswagen/Audi e da Volvo param a partir de amanhã e só voltam a operar na próxima terça-feira (22). A Renault é a única que terá expediente nesta quinta-feira.
“É inconveniente fazer a paralisação agora, porque as empresas já vão parar durante três dias úteis”, disse uma fonte do sindicato. “Podemos dar esse tempo para as empresas pensarem”, acrescentou. A estratégia de ação seria decidida em reunião da diretoria do sindicato ontem à noite. Caso a paralisação começasse hoje, duraria quase uma semana, já que uma eventual decisão da Justiça do Trabalho sobre a legalidade do movimento só sairia na semana que vem, após o recesso.
Propostas
Pelos cálculos do Sindicato dos Metalúrgicos, a reposição integral da inflação (14,61% de setembro a março) custaria aos cofres das montadoras de R$ 35 milhões a R$ 50 milhões. As negociações envolvem cerca de 10 mil trabalhadores da produção e administração das montadoras e do Parque Industrial de Curitiba (PIC), formado por 14 fornecedoras de peças da Volkswagen/Audi.
As propostas das empresas foram rejeitadas por unanimidade. A Volks/Audi propôs empréstimo mensal de R$ 80 por trabalhador até a próxima data-base, quando o valor seria descontado do salário. A Volvo propôs um abono único de R$ 400 e a Renault, três parcelas de R$ 120. “Nenhuma empresa aceitou, por enquanto, conceder a reposição das perdas salariais – 14,61% – e é isso que os trabalhadores querem”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Sérgio Butka, em nota distribuída à imprensa. (Olavo Pesch)