Sindicatos de trabalhadores do Chile, Colômbia, Costa Rica, Peru e México pedem que seus governos se unam ao Brasil nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC). Esses países propuseram há duas semanas uma abertura dos mercados dos países emergentes para produtos industrializados que ia além do que o Brasil estava disposto a oferecer.
À época, a iniciativa foi considerada como um racha e uma demonstração da fragilidade da união entre os países em desenvolvimento da América Latina. O chanceler Celso Amorim chegou a ligar para as autoridades chilenas para tentar uma reaproximação. Agora, são os sindicatos de trabalhadores desses governos que decidem pedir que o grupo faça uma revisão de suas posições, alertando que a abertura proposta traria conseqüências "preocupantes".
A proposta sugere que as tarifas de importação para bens industriais sejam reduzidas dos atuais 33,6% para 12,5%. "Não podemos apoiar essa proposta", afirmam os sindicatos em uma carta enviada aos governos. Já a proposta do Brasil, apoiada pela Argentina, África do Sul, Venezuela, Índia e outros governos, indica que o corte máximo que poderiam aceitar seria de 50% nas tarifas.
Tanto os Estados Unidos como os europeus se recusaram a negociar diante das bases da proposta do Brasil e o fracasso nas negociações da conferência de Postdam, na Alemanha, no mês passado, ocorreu em parte por causa dessas diferenças.
Já as idéias de Peru, Chile e dos demais países latino-americanos foram consideradas como "positivas" pelos americanos e europeus.
Mas os sindicatos dos trabalhadores têm outra opinião. "Não é o momento adequado de se apresentar propostas que sejam satisfatórias para os interesses dos Estados Unidos e Europa", diz a carta, assinada pela Central Única dos Trabalhadores do Chile, Confederação dos Trabalhadores da Colômbia e outras cinco entidades.
Tanto Washington como Bruxelas estimam que somente poderiam apresentar propostas amplas de liberalização do setor agrícola quando forem retribuídos com a abertura dos mercados emergentes. Para os sindicatos latino-americanos, porém, essa lógica não deve prevalecer.
"O acesso aos mercados agrícolas não deveria ser obtido em troca de uma desindustrialização ou de compromissos que impeçam os países de se industrializarem", afirmam.