Trabalhadores e Trevo Piso sem acordo

Terminou sem acordo a audiência realizada ontem na Procuradoria Regional do Trabalho da 9.ª Região, em Curitiba, entre representantes do Sindicato dos Oficiais Marceneiros e Trabalhadores nas Indústrias de Serrarias e Móveis do Paraná (Sompar) e representantes da empresa Trevo Piso, instalada no bairro Pinheirinho.  

Os trabalhadores alegam que estão sem receber o salário de dezembro, o 13.º salário e férias. Também reclamam que o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) não vem sendo depositado pela empresa, assim como o INSS, que vem sendo descontado da folha de pagamento dos funcionários, não estaria sendo repassado à União.

?Trabalhei na empresa durante sete anos, mas no FGTS tenho apenas R$ 136,00?, denunciou o ex-auxiliar de produção Ari Hudzeik. Ele e outras 13 pessoas, conta, foram demitidos da empresa no dia 18 de dezembro sem receber qualquer indenização rescisória. Casado e pai de quatro filhos, Hudzeik calcula que tem cerca de R$ 14 mil para receber. O operador Artur Tilmann, que dedicou 36 dos seus 60 anos à Trevo Piso, também está indignado. Ele conta que entre FGTS e abono de aposentadoria tem cerca de R$ 11 mil para receber. Situação semelhante é a de José Edson Alves Ferreira, que trabalhou na empresa durante onze anos e foi demitido também em dezembro. Ferreira calcula que tem cerca de R$ 16 mil em haver.

Segundo os trabalhadores, a empresa contava com cerca de 600 funcionários um ano atrás e produzia cerca de 95 mil metros quadrados de piso de madeira por mês. Hoje são apenas 25 funcionários, que atuam na filial de São José dos Pinhais. Para eles, a dificuldade financeira se deve à má administração da empresa. Outros fatores, porém, como a desvalorização do dólar e a redução da madeira de lei, que vêm afetando a indústria madeireira de forma geral, também podem ter acentuado as dificuldades.

Durante a audiência, a advogada da Trevo Piso, Veridiana Marques Moserle, afirmou que a empresa tem interesse em pagar tudo o que é devido aos trabalhadores, porém ?está de mãos atadas frente ao leilão judicial para pagamento de dívida fiscal?, no âmbito da Justiça Federal. ?Gostaríamos de pagar, mas a situação é crítica. Não temos dinheiro?, argumentou a advogada durante a audiência.

Recuperação judicial

A Trevo Piso, empresa familiar que atua no ramo de pisos de madeira há quase 44 anos, está em processo de recuperação judicial desde junho de 2006. A dívida estimada é de R$ 180 milhões. Desse total, cerca de R$ 7 milhões corresponderiam a dívidas trabalhistas. O plano de recuperação judicial elaborado pela empresa foi entregue ao juiz da 4.ª Vara de Falências e aguarda publicação no Diário Oficial do Estado. Caso o plano seja contestado, haverá assembléia dos credores para discussão. Pela nova lei de recuperação judicial e falência, os funcionários são os primeiros credores a receber da empresa, seguido por contratos de garantia (banco, hipotecas), impostos e todos os demais. 

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