A rotina de laçar boi no pasto e tocar os animais debaixo de sol e chuva deixou de ser a realidade para os peões que trabalham em fazendas “tecnológicas”. Eles agora empregam menos a força física nas tarefas que executam e têm de ficar mais atentos a números, o que impões novos desafios.

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“Sinto falta da parte de matemática e preciso quebrar a cabeça porque tenho pouco estudo”, disse Alexandre Marcelino de Oliveira, de 21 anos, casado e pai de dois filhos.

Faz dois anos que ele trabalha distribuindo a ração nos cochos do confinamento na Ribas Agropecuária, em Guarantã (SP). Nessa tarefa, tem de estar com a atenção voltada para colocar a quantidade exata de comida em cada cocho. Quando fecha a comporta da carreta que despeja o alimento, ele envia as informações para o sistema que monitora passo a passo a produção.

É um trabalho bem diferente daquele que fez desde os 13 anos de idade. “Eu tocava boiada. Acompanhei meu pai no pasto desde os dois anos de idade.”

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Antes, como peão, ganhava um pouco mais de R$ 1 mil por mês. Agora, na nova função, recebe quase o dobro, com hora extra e prêmios que recebe por acertar na mosca as quantidades distribuídas de ração. Aliás, esse é um dos pilares dessa pecuária mais tecnificada. Não deixar sobrar nem faltar o alimento tem impacto significativo na redução de custos e em ganhos de produtividade.

Oliveira cursou até o oitavo ano do ensino fundamental. Diante das novas exigências no trabalho, ele diz que pretende voltar a estudar assim que tiver um a folga. “Quero fazer um curso técnico de zootecnia”, afirmou.

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Bruno Sabino, de 23 anos, que tem trajetória semelhante a de Oliveira, também planeja voltar para escola, motivado pela nova ocupação. Ele cursou até o segundo ano do ensino médio e pretende fazer um curso de inseminação artificial.

“Eu era campeiro: laçava boi, curava umbigo, medicava. Aprendi com a vida mesmo”, disse. Agora, é responsável pelo preparo da pré-mistura da ração. São três tipos diferentes de formulação e ele tem de colocar as quantidades exatas indicadas no monitor do grande liquidificador que mistura os ingredientes.

“Hoje mexo mais com números, tenho de pensar mais e ter um pouco mais raciocínio”, afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.