Os funcionários da Volkswagen-Audi, recusaram ontem, em assembleia em porta de fábrica em São José dos Pinhais, a última proposta de acordo oferecida pela empresa.
Assim, a greve na montadora, que foi a primeira do setor durante as negociações salariais deste ano, em Curitiba e Região Metropolitana, já entra hoje em seu 13.º dia, afetando a produção de cerca de 10 mil veículos. O maior impasse está, agora, na exigência dos cerca de 3,6 mil metalúrgicos para que a empresa estabeleça uma política de cargos e salários.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), a Volks-Audi chegou a apresentar uma proposta de acordo semelhante às da Renault-Nissan e da Volvo, que levaram, na quarta-feira, ao fim das greves nas duas empresas.
Os acordos fechados nas duas montadoras foram considerados os melhores do ano na indústria nacional, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese).
Pela proposta, apresentada ontem em reunião no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR), em Curitiba, os funcionários receberiam um reajuste de 7,57%, sendo 3% de aumento real, mais a correção de 4,44% referente à inflação acumulada nos últimos 12 meses, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Estava previsto, também, o pagamento de um abono de R$ 2 mil para cada trabalhador, mais aumento no adicional noturno para 25%, a partir de agosto de 2010.
Porém, os empregados da multinacional alemã querem o aumento imediato no adicional noturno e não aceitam deixar de lado a discussão sobre a grade salarial. Segundo o vice-presidente do SMC, Cláudio Gramm, os funcionários querem que a tabela salarial seja equiparada à aplicada na planta da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP).
Lá, os funcionários passam por mais avaliações de desempenho os chamados “steps” para subir de cargo do que em São José dos Pinhais. A diferença acaba refletindo nas promoções e aumentos, mais frequentes na fábrica paulista.
“Muita gente tem bastante tempo de casa e perde o ritmo, porque não tem reconhecimento na empresa”, afirma Gramm, lembrando que outro ponto em que empregados e patrões ainda não concordaram é em relação ao desconto dos dias parados. “Com certeza (o desconto) terá que ser negociado, já que a greve só continua por intransigência da própria empresa”, completa o sindicalista.
Uma nova reunião no TRT-PR está marcada para hoje, ainda pela manhã. À tarde, os funcionários devem discutir, em assembleia, sobre a continuidade da greve.