Trabalhadores da Volkswagen/Audi, em São José dos Pinhais, querem o plano de reestruturação – cuja fase II foi anunciada pela empresa no fim do mês passado – no papel. De acordo com o coordenador da comissão da fábrica da montadora no Paraná, Gilson Ricardo dos Santos, sem o plano documentado, não há negociação. Ele e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), Sérgio Butka, participaram da reunião com a direção da montadora na quarta-feira, em Taubaté (SP).
?Foi exigido, por parte dos sindicatos, que a empresa coloque o plano de reestruturação de forma oficial, documentada?, afirmou o coordenador. Segundo ele, a exigência é por conta de acusações de que os sindicatos estariam inventando números. ?Querem colocar a sociedade contra a gente?, afirmou.
Segundo Santos, na última reunião não houve qualquer avanço nas negociações. Na próxima segunda-feira, deve haver novo encontro entre sindicalistas e a direção da empresa em São Bernardo do Campo. ?A idéia é marcar um calendário de negociações, com pautas a serem deliberadas?, contou.
Plano
De acordo com o SMC, entre as propostas que fazem parte da segunda fase do plano de reestruturação da empresa estão o retrabalho para corrigir falhas na linha de montagem sem remuneração; fim do aumento real de salário nos próximos dois anos – sendo que 15% da reposição da inflação pelo INPC variaria de acordo com o cumprimento de metas de produção e qualidade; alteração no banco de horas. Os sindicatos afirmam, ainda, que estão previstas 5.733 demissões até 2008 nas plantas de São José dos Pinhais, Taubaté e São Bernardo do Campo; 1,4 mil apenas na planta do Paraná. A empresa não confirma esses números.
O presidente do SMC, Sérgio Butka, afirmou no início desse mês que os trabalhadores estão abertos a negociação, desde que não haja demissões. ?O sindicato está disposto a negociar uma solução, desde que não se fale mais em demissões nem em perda de direitos?, afirmou Butka, ao anunciar a paralisação de 24 horas dos trabalhadores, ocorrida no dia 1.º de junho.
Em São José dos Pinhais, cerca de 200 trabalhadores foram demitidos desde janeiro, dentro do programa Onda PMP, de reengenharia das linhas de produção. A planta paranaense emprega hoje cerca de 4,2 mil trabalhadores, segundo o sindicato.
Corte de custos
Conforme declaração feita pelo presidente da Volkswagen do Brasil, Hans-Christian Maergner, no início de maio, a empresa quer ter lucro operacional em 2007, revertendo assim oito anos seguidos de prejuízos. Para isso, pretende cortar 25% dos custos de produção dos novos modelos a serem lançados até 2008. O executivo informou ainda, na ocasião, que a montadora deverá reduzir em 40% o número de veículos exportados até 2008. Somente em 2006, a expectativa é de um corte de 31% nas vendas externas, que passaram do recorde de 256 mil unidades em 2005, para 175 mil este ano. (Lyrian Saiki)
