Desde ontem, aproximadamente 24 mil trabalhadores da construção civil de Curitiba e região metropolitana estão em greve. A razão é a discordância gerada, após oito rodadas de negociações envolvendo o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sintracon) – que representa os trabalhadores – e o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR), responsável pelo lado patronal. Os trabalhadores rejeitaram a proposta de reajuste salarial de 7%. Eles querem 20% de aumento.
De acordo com o presidente do Sintracon, Domingos Oliveira Davide, os trabalhadores recebem benefícios anualmente, mas daqui para frente eles querem mais. “O setor da construção civil lucrou muito nos últimos anos e nada disso foi repassado aos trabalhadores”, cobra.
A categoria reivindica a reposição da inflação referente ao crescimento industrial da construção civil do Paraná no período de 2001 a 2008. “Queremos ainda uma correção salarial de 20% e a integração do vale-alimentação no salário”, afirma Davide.
Além disso, os trabalhadores cobram o fornecimento de todas as refeições no local de trabalho. “Essa é uma luta diária nossa. Queremos que o café da manhã e o almoço parem de ser servidos em marmitas”, completa.
O vice-presidente da área de políticas e relações do trabalho do Sinduscon-PR, Euclésio Manoel Finatti, por seu lado, afirma que o que os trabalhadores pedem é inviável.
“Não vamos fechar esse acordo de forma alguma, o que eles pedem é um contrasenso. A economia do mundo inteiro está tentando reagir, esse não é o momento para greves. Além disso, temos dado aumentos acima da inflação que foram repassados aos operários em anos anteriores, isso já eleva muita a categoria se comparada com outras”, explica.
Repar/Fosfértil
Ao contrário do que acontece com os trabalhadores da construção civil, os cerca de dez mil trabalhadores de manutenção da Refinaria Getúlio Vargas, em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), que estão paralisados desde o início do mês, tiveram melhorias em suas reivindicações.
“Depois de muita conversa recebemos a proposta de 8,5% de reajuste salarial, cesta básica no valor de R$ 110 e piso salarial mínimo de R$ 720. No entanto isso não é motivo para terminarmos a greve”, ressalta o presidente da Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT/PR), Roni Anderson Barbosa.
Ainda foi oferecido aos trabalhadores uma folga a cada 90 dias para aqueles cujas famílias moram longe, participação nos lucros e resultados das empresas, contrato de experiência de 30 e 60 dias e cesta básica natalina no valor de R$ 60.
“Esse foi um pequeno sinal de negociação entre os trabalhadores e os empresários, mas ainda estamos insatisfeitos. As propostas podem ser melhoradas”, ressalta.
Para que a greve termine o presidente diz que é preciso uma revisão no que foi ofertado à categoria. “Queremos um reajuste entre 10 a 15%, melhorias na ajuda de custo e aumento no piso salarial para R$ 770”, explica. Uma nova reunião entre empresários e representantes dos operários acontece hoje, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), em Curitiba.
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