O trabalhador vai acabar pagando mais uma vez a conta da elevação da taxa básica de juros (Selic), avalia o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio. Quarta-feira (4), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a Selic de 11,75% para 12,25% ao ano.
"Essa medida visa a restringir a atividade econômica das empresas, restringindo o consumo interno. O rebatimento é por um lado na geração de empregos, redução dos postos de trabalho, e, simultaneamente, contenção em alguma medida do consumo através do crédito".
De acordo com o diretor, a elevação dos juros adotada pelo Banco Central não enfrenta o problema de forma adequada, que é o dos preços influenciados por problemas internacionais.
"Vai restringir a demanda de consumo e o mercado interno, com o sacrifício extraordinário para problemas cujo enfrentamento implica tratamento de outras questões como câmbio, os próprios juros e política de abastecimento específico como o preço das commodities [bens primários com cotação internacional]".
Clemente Ganz Lúcio participou nesta quinta (5) da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), no Palácio do Planalto.