O número de pessoas físicas inadimplentes na base de registros do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aumentou 6,58% em março de 2014 em relação ao mesmo período do ano passado, a maior alta dos últimos 15 meses. A partir deste dado, o SPC Brasil e a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) estimam que, ao fim de março, o Brasil tinha cerca de 52,5 milhões de consumidores com contas em atraso.
O estudo divulgado nesta terça-feira, 08, aponta, ainda, que a quantidade de inadimplentes cresceu 1,31% em março de 2014 em relação a fevereiro, a segunda maior alta da série histórica para os meses de março. Essa série acumula dados desde janeiro de 2011.
O balanço da CNDL e do SPC indica que entre o final de fevereiro e o final de março de 2014 ocorreu o registro líquido (entradas menos saídas) de cerca de 500 mil adultos em serviços de proteção ao crédito. São consideradas dívidas em atraso todos os débitos que, após não serem pagos na data acertada, forem registradas no banco de dados do SPC Brasil. Ou seja, apenas um dia de atraso no pagamento de contas já permite que o consumidor seja incluído na base de inadimplentes.
No mês passado, o número médio de dívidas em atraso por pessoa física inadimplente foi de 2,032 dívidas, resultado um pouco menor do que o registrado no mês anterior (2,044 dívidas). Em março, no entanto, houve alta mensal de 6,29% no número de dívidas vencidas há menos de 90 dias. CNDL e SPC indicam que isso é comum nesta época do ano, refletindo as dificuldades financeiras relacionadas aos maiores gastos no início do ano. A partir de maio, a tendência deve mudar e parte das dívidas começa a ser paga, avaliam as duas entidades.
Na comparação anual, o número de dívidas vencidas há menos de 90 dias também teve alta de 5,06%, índice considerado “expressivo” pela CNDL e pelo SPC Brasil. A avaliação é que a maior dificuldade de pagar as dívidas não se limita a questões sazonais, embora seja intensificada por esses fatores.
Para a economista do SPC Brasil Luiza Rodrigues, o resultado de março reflete o atual cenário econômico de desaquecimento da economia brasileira e de alta de juros, que aumenta a dificuldade das famílias em honrar compromissos. Esse crescimento da inadimplência, segundo economistas do SPC Brasil e CNDL, é consequência das compras não planejadas, contraídas em forma de parcelas no Natal do ano passado, assim como nas liquidações de janeiro.
“As dívidas vencidas em dezembro e em janeiro ainda não foram pagas, o que explica o forte aumento do número de compromissos em atraso vencidos entre 31 e 90 dias. Isso sem mencionar o comprometimento do orçamento familiar com pagamentos de despesas típicas de início de ano como IPTU e IPVA”, explica Luiza.