O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que a instituição está tomando todas as medidas necessárias para fazer com que a inflação convirja para o centro da meta (4,5%) em 12 meses. Durante entrevista ao programa Espaço Aberto Miriam Leitão, da GloboNews, Tombini reiterou que o BC vai trazer a inflação para o centro da meta de 4,5% apenas em 2012 e admitiu que, nos próximos meses, a inflação vai superar o teto da meta (6,5%) no acumulado de 12 meses.

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A partir de maio ou junho, a expectativa do BC é de que a inflação mensal esteja rodando dentro da meta, embora a anualizada ainda esteja alta. Tombini negou que o BC tenha jogado a toalha, ao ter admitido que a inflação só vai convergir para a meta em 2012. “Para trazer essa inflação para o centro da meta, precisamos de um horizonte um pouco mais largo”, disse, ponderando que o BC brasileiro talvez seja o “mais ativo” entre seus pares na luta contra a inflação.

O presidente do Banco Central afirmou que a política fiscal está ajudando o contexto das políticas macroeconômicas e da política monetária, o que vai contribuir no combate à inflação. Confiante que a meta de superávit primário será cumprida neste ano, Tombini elogiou a qualidade do esforço fiscal. “Se olharmos os dados de março, veremos que as despesas na margem estão crescendo abaixo do crescimento do PIB.”

O presidente do BC, ao ser questionado se teria, de fato, autonomia para enfrentar a escalada da inflação, lembrou que a taxa básica de juros subiu 1 ponto porcentual nos três primeiros meses deste ano no Brasil e sofreu um novo ajuste de 0,25 ponto na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de abril. “Não há muitos paralelos entre os bancos centrais de terem feito o esforço que fizemos até agora”, disse.

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“Estamos fazendo aquilo que achamos mais correto no momento para enfrentar essa batalha contra a inflação. Isso não é uma corrida de 100 metros, é um processo longo. E o Banco Central levará esse processo adiante, o tempo que for necessário para fazer a inflação convergir para a meta de 4,5% em 2012”, disse.

O presidente do BC negou que tenha mudado sua estratégia de combate de inflação, substituindo o foco em medidas macroprudencias para o uso de instrumentos convencionais de política monetária. “O BC não mudou”, afirmou. “O instrumento de política monetária que vai levar a inflação convergir para a meta de 4,5% em 2012 é o instrumento tradicional que está sendo usado e continuará sendo usado”, afirmou.

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Tombini disse que o fluxo de US$ 35 bilhões recebido pelo Brasil em três meses é inédito e gera duas preocupações: a inflação e a estabilidade financeira. “Isso traz para a expansão do crédito uma velocidade que não está adequada para o momento”, disse, ponderando que há preocupação com o impacto desse fluxo no preço de ativos, como os de terras.

Tombini ponderou que a instituição apertou a política monetária, aumentou a tributação para a entrada de capital externo e fez novos requerimentos de capital, mas que parte desse esforço é desfeito pelo fluxo. “Parte do nosso trabalho de conter a demanda, o crédito, é desfeito pela captação das empresas lá fora”, disse, salientando que o BC vem alertando as empresas para o risco dessas captações externas.

Durante entrevista no Espaço Aberto Miriam Leitão, da GloboNews, Tombini ponderou que, quando houver uma reversão desses fluxos, pode ocorrer problemas na estabilidade financeira. “Estamos trabalhando junto com outros ministérios para moderar esse fluxo de entrada e mitigarmos o problema de estabilidade financeira e econômica quando esse dinheiro sair do Brasil”, afirmou o presidente do BC.