O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse hoje, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que as projeções de inflação tendem a deslocar para a meta. Segundo ele, os esforços do Banco Central para controlar a inflação não encontram paralelo em outras economias.
Ele destacou, no entanto, que o Brasil tem recebido um contínuo fluxo de capital estrangeiro, que ajuda nos investimentos, mas também tem um componente conjuntural, em função das perspectivas de crescimento do Brasil nos próximos anos. Tombini disse que esse fluxo conjuntural aumentou excessivamente nos últimos dias, em função do cenário internacional, com os acontecimentos no Oriente Médio e no Japão. Por isso, segundo ele, esse aumento de capitais pode gerar um crescimento não sustentável no crédito interno.
Tombini destacou também a política de acumulação de reservas internacionais feita pelo Brasil. Segundo ele, as reservas foram um colchão importante durante a crise financeira internacional, ajudando a restabelecer as linhas de comércio exterior e essenciais para evitar um rompimento abrupto da economia naquele momento, e para que o Brasil retomasse a rota de crescimento de forma mais rápida.
Segundo Tombini, hoje, com as reservas internacionais elevadas, a economia brasileira é mais robusta e pujante. Ele destacou que o fluxo de capital intenso ocorre nas duas direções (entrada e saída). O presidente do BC acredita que esse cenário deve se intensificar nos próximos anos, com a perspectiva de crescimento do Brasil.
“A tendência é que as reservas continuem crescendo para mantermos o nível relativo (ao Produto Interno Bruto, PIB) que temos. Esta é uma tendência natural e necessária para a inserção do Brasil no mercado mundial”, afirmou Tombini. Ele disse que várias economias emergentes, como China, Rússia e Índia, mantêm as reservas elevadas, na proporção do PIB, e que no caso do Brasil elas correspondem a 15% do PIB.
Tombini destacou que as reservas são importantes no momento de crise, quando a aversão ao risco predomina. “As reservas funcionam como um seguro”, afirmou. Ele disse que não existe um ritmo ótimo de reservas, mas que elas devem atingir um volume tal que não paire dúvidas sobre a capacidade do País em enfrentar crises. Segundo ele, o acúmulo de reservas também contribui para reduzir o prêmio de risco, tanto do governo quanto do setor privado. “Quanto maior o nível de reservas, menor a necessidade de usá-las”, afirmou.
Ele destacou ainda que as reservas que serão geradas com a exploração do pré-sal brasileiro vão demandar uma política específica para absorção desses dólares. Tombini considera que o Fundo Soberano do Brasil é o instrumento mais adequado para isso.