Restos de comida, pneus sem utilidade, lodo proveniente de estações de tratamento de esgoto, restos de alimentos, lixo de banheiro e até fraldas descartáveis. Todos estes resíduos produzidos diariamente, em grande quantidade, nos meios urbanos, podem ser reaproveitados e transformados em energia.
Isto é o que diz a pesquisadora e engenheira química Érica Leonor Romão, que é especialista em Engenharia de Materiais e faz parte da empresa Senergen Energia Renovável, de São Paulo.
Ontem, ela proferiu uma palestra sobre o uso de lixo urbano para geração de energia no 5º. Congresso Internacional de Bioenergia, que está acontecendo no Cietep, em Curitiba.
“Com exceção de vidros e metais, todos os resíduos urbanos podem ser aproveitados para produção de energia. Para se ter uma ideia, quinhentas toneladas de lixo urbano mais quatrocentas toneladas secas de lodo resultante de estações de tratamento podem gerar 30 MW/h (megawatt/hora) de energia, o que é suficiente para abastecer uma área com 300 mil habitantes por um dia”, diz Érica.
A transformação do lixo urbano em energia diminui a necessidade de aterros sanitários, que passam a ter sua vida útil ampliada. Segundo a pesquisadora, a medida seria bastante eficaz se implantada em cidades como Curitiba, cujo aterro da Caximba já está operando no limite e existem muitas dúvidas sobre que destino será dado aos resíduos no futuro.
“A transformação do lixo em energia seria uma solução em Curitiba, com a vantagem de que a cidade já conta com um sistema de separação do lixo a nível residencial”.
O aproveitamento dos resíduos urbanos também tem custo inferior à energia gerada por hidrelétrica e evita a geração de chorume nos aterros. “Como o lixo não entra em decomposição, acaba não gerando chorume, que por sua vez é responsável pela liberação do gás metano (CH4) na atmosfera. Com isso, os aterros sanitários poderiam ainda ser mantidos apenas para resíduos perigosos”, diz.
“Atualmente, em alguns locais do País, existe aproveitamento do metano produzido nos aterros para geração de energia. Porém, nestes sistemas, os resíduos continuam a existir”.
