TJLP de 6,5% ao ano é a menor desde 1994

Foto: Arquivo/O Estado

Empresas industriais utilizam a TJLP para financiamentos.

Para estimular o aumento dos investimentos em 2007, o governo anunciou ontem a quinta redução consecutiva da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu cortar em 0,35 ponto percentual a taxa, que caiu de 6,85% para 6,5% ao ano, batendo uma nova mínima histórica desde a criação, em 1994. O novo percentual da TJLP – que remunera os empréstimos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investimentos do setor produtivo – vai vigorar de janeiro a março de 2007.

 Com a nova queda, o presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva termina o primeiro mandato assegurando um corte total de 4,5 pontos percentuais na TJLP. No início do governo Lula, em 2003, a taxa estava em 11%. Ela chegou a subir para 12% no mesmo ano, acompanhando o repique da inflação. Por vários trimestres consecutivos, entre os anos de 2004 e 2005, a TJLP ficou estagnada em 9,75%, durante a gestão do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci. Nesse período, foi grande a pressão dos empresários e de setores mais desenvolvimentistas dentro do governo para que a equipe econômica acelerasse a redução da taxa.

O anúncio da nova TJLP foi feito pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que, quando era presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi um crítico feroz da política adotada pela equipe de Palocci. Desde que assumiu o comando da economia, em março deste ano, Mantega acelerou a redução da TJLP. De lá para cá, a TJLP já caiu de 8,15% para 6,5%. Ao anunciar a nova TJLP, Mantega destacou que o valor de 6,5% se aproxima das taxas de juros de investimentos aplicadas nos países mais avançados.

Segundo o ministro, a diminuição da TJLP vai estimular o aumento dos investimentos no Brasil porque reduzirá o custo de financiamento das empresas, permitindo a aceleração do crescimento econômico. Mantega disse ainda que está havendo no Brasil uma verdadeira revolução no crédito, com a proliferação de instrumentos financeiros adequados ao desenvolvimento do País Ele informou que foram registrados neste ano na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) lançamentos de R$ 120 bilhões em títulos privados emitidos para captação de recursos. Em 2004, esses registros somaram R$ 35 bilhões.

?O mercado de capitais cresce em progressão geométrica. É um crédito mais barato para as empresas brasileiras?, disse o ministro, explicando que os menores custos estimulam o crescimento dos investimentos. A TJLP é calculada com base na previsão de inflação e no prêmio de risco cobrado pelos bancos internacionais nas operações com o Brasil. Esses valores eram divulgados pelo Ministério da Fazenda. Mas nas últimas decisões esses valores não foram anunciados.

Economista diz que governo dá ?sinais contraditórios?

Rio (AE) – Com a redução anunciada ontem, a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) caiu a menos da metade da taxa básica de juros da economia (Selic). Para o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Edgar Pereira, o governo emite sinais contraditórios ao mercado.

Ao mesmo tempo em que comemora a queda de 0,35 ponto percentual na TJLP, Pereira lembra que há muita apreensão acerca da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). ?Na última reunião, houve um sinal negativo, já que metade dos integrantes votaram por uma redução mais baixa. Há muita expectativa sobre o que será de fato a nova política do governo?, disse o economista.

Ele concorda que o patamar de 6,5% para a TJLP aproxima os juros de referência do BNDES ao nível internacional. A diferença é o risco Brasil, que precisa baixar mais para permitir uma queda mais intensa da taxa. Argumenta, porém, que este não é o único fator necessário ao estímulo de novos investimentos.

?O investimento depende de uma equação que leva em conta também a perspectiva de crescimento de demanda na economia?, comentou, alegando que as medidas econômicas preparadas pelo governo darão o tom da segunda gestão do presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva. ?O governo, ao que parece, está empenhado em estimular a economia. Mas não dá para antecipar expectativas. Tudo vai depender do conteúdo do pacote.?

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