The Economist elogia construção de Belo Monte

A construção da usina elétrica de Belo Monte é elogiada pela revista britânica “The Economist” na edição que chega às bancas nesta quinta-feira, 2. Com o argumento de que o impacto ambiental será menor que o propagado pelos ecologistas, a publicação exalta a obra erguida no meio da floresta amazônica. A reportagem, porém, lança dúvidas sobre a viabilidade econômica do empreendimento.

Com o título “Os erros e acertos de Belo Monte”, a revista diz que após “passar muito tempo para construir o terceiro maior projeto hidrelétrico do mundo, o Brasil corre o risco de receber um pequeno retorno do investimento de US$ 14 bilhões”. O argumento da reportagem é que a usina custará muito mais que o previsto, o que pode prejudicar a rentabilidade do projeto. Segundo a publicação, o Orçamento da obra saltou dos originais R$ 16 bilhões para os atuais cerca de R$ 29 bilhões ou cerca de US$ 14 bilhões.

A revista cita, por exemplo, que o preço da energia de Belo Monte será comparável à da energia eólica – uma fonte conhecida por ser mais cara que a hidrelétrica. O texto diz que recentes leilões de energia eólica “com centenas de concorrentes do setor privado” tiveram vencedores que ofereceram o megawatt-hora por valor entre R$ 90 e R$ 100. Quando o consórcio Norte Energia levou o direito sobre a energia de Belo Monte, a proposta vencedora foi de R$ 77,97 por MWh. “Desde então, o orçamento (relacionado à usina) aumentou um terço”.

A revista diz que o governo “insiste que os custos são um problema da Norte Energia”. “Isso parece falso. O grupo é quase totalmente estatal”, diz a revista com a lembrança de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) concedeu um empréstimo de R$ 22,5 bilhões à Norte Energia em novembro. “O maior crédito da história do banco”. “Se Belo Monte se tornar um elefante branco, a conta recairá sobre o contribuinte”, diz a revista.

A reportagem, que visitou as obras da usina, defende que o impacto ambiental de Belo Monte será menor que o dito por ecologistas. Um dos argumentos é que o método de construção é mais moderno e gerará menos danos à natureza. O preço dessa condição mais amigável ao meio ambiente é que a unidade será menos eficiente que usinas antigas.

A revista também comenta que o Brasil tem experimentado mudança na matriz energética nos últimos anos – especialmente após o apagão de 2001 e 2002, com a maior participação da geração termoelétrica. Essa participação tende a crescer ainda mais com a futura exploração dos campos de gás de xisto. O texto comenta, ainda, que mesmo com o aumento do nível dos reservatórios observado recentemente, o Brasil segue usando a energia térmica para formar “uma reserva” nos reservatórios suficiente para atender a demanda durante a Copa do Mundo de 2014. “A repetição de um apagão seria uma humilhação nacional”.

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