O subsecretário da Dívida Pública, José Franco Morais, explicou nesta terça-feira, 25, que a revisão do Plano Anual de Financiamento (PAF) 2016 com o aumento da fatia de títulos prefixados já era esperada e ocorreu devido à melhora das condições de mercado para esse tipo de papel.
A participação de títulos prefixados, antes prevista para ficar entre 31% e 35% em 2016, agora terá como meta um intervalo entre 33% e 37%. Para os títulos remunerados pela Selic, a meta mudou de 30% a 34% para 27% a 31%.
“O planejamento de longo prazo da dívida tem o objetivo de reduzir a parcela de títulos atrelados a taxas flutuantes e aumentar a parcela de prefixados”, afirmou. “Ao longo deste ano, o cenário realizado foi melhor que a expectativa. As condições de mercado melhoraram bastante e o Tesouro pôde rever a sua estratégia”, completou.
Para Morais, o desempenho reflete a menor percepção de risco dos investidores sobre os papéis do Tesouro. “A melhoria dos preços dos ativos se deve à maior estabilidade política e ao fato de questões estruturais estarem sendo endereçadas”, comentou.
Segundo o coordenador-geral de operações da Dívida Pública, Leandro Secunho, apesar de a fatia de títulos prefixados ter ficado em 37,71% em setembro, fora ainda dos novos limites do PAF 2016, que vão de 35% a 37%, a participação desses papeis deve se enquadrar até o fim do ano nas novas metas.
Segundo ele, houve aumento da parcela de prefixados em setembro porque esses papéis representam 62% de todos os títulos emitidos no mês, enquanto não houve resgates nessa categoria. “Mas, em 1º de outubro houve um vencimento grande desses papéis. Então ao longo do ano esses títulos voltarão para as bandas do PAF”, afirmou.
Para o coordenador-geral, os papéis remunerados pela Selic – cujas metas agora vão de 27% a 31% e que também estão desenquadrados com 26,54% – também entrarão nos limites do PAF. “Não há mais resgates previstos destes títulos neste ano, e as emissões vão continuar”, completou.
Fundos de Previdência
Secunho destacou que os fundos de Previdência voltaram a ser os maiores detentores de títulos públicos em setembro, com 24,26% do total. “Isso é positivo porque se tratam de investidores que compram títulos com prazos mais longos”, avaliou.
Por outro lado, há uma redução ao longo do ano na participação de investidores estrangeiros, cuja fatia em setembro foi de 14,97%. Em dezembro do ano passado, a participação de não residentes era de 18,79%. De acordo com Secunho, a saída dos estrangeiros é muito concentrada em títulos de curto prazo, que estão vencendo este ano.
“Os não residentes estão reduzindo suas posições, mas isso não tem tido impacto relevante no mercado nem motivo especifico. Talvez eles estejam esperando retornar a estabilidade para voltar a crescer suas participações, mas não há ruptura”, afirmou. “A expectativa é de que isso se reverta em algum momento”, completou.