Tesouro que estimular negócios no mercado de títulos

Em busca de garantir maior liquidez no mercado secundário de títulos públicos, o governo vai alterar as regras de escolha dos seus dealers, que são as instituições do mercado financeiro credenciadas a operar com o Tesouro e o Banco Central. Ganhará mais ponto a instituição que mais ajudar a estimular as negociações de títulos no mercado secundário. No Brasil, em torno de R$ 14 bilhões são negociados diariamente nesse mercado, sendo a maior parte títulos prefixados, ou seja, com taxa definida na hora do leilão.

Esse volume de negociação – menos de 2% do total de R$ 1,1 trilhão da dívida interna em títulos – é considerado muito baixo para o tamanho do mercado brasileiro. Nos Estados Unidos – que tem o mercado mais líquido do mundo – cerca de 14% do estoque da dívida é negociado diariamente. No México, país com característica semelhante à do Brasil, o volume negociado por dia é de aproximadamente 4%. Essa rotatividade de negociação é chamada no jargão financeiro de "turn-over" da dívida.

O Tesouro espera que o aumento das negociações de títulos públicos vá ajudar a tornar mais dinâmico o mercado brasileiro, garantindo a fixação de preços cada vez mais justos dos títulos públicos, inclusive nos leilões primários de venda diretas realizados pelo Tesouro. "Precisamos trabalhar muito para aumentar a liquidez no mercado secundário", disse à Agência Estado o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Paulo Valle.

Segundo ele, a liquidez do mercado já é boa, mas nesse novo cenário econômico do País, de crescimento e redução das taxas de juros, é hora de dar um novo salto. Na avaliação do secretário, a ampliação do mercado secundário é hoje um dos maiores desafios o Tesouro, depois de consolidada a estratégia de ação de administração da dívida pública. "É como no mercado de compra e venda de ação, onde há um prêmio pela liquidez", ressaltou ele.

A boa liquidez é a garantia de que o investidor vai conseguir vender o seu papel a qualquer hora com o preço justo. Um mercado secundário dinâmico ajuda a reduzir as taxas de juros pagas pelo Tesouro aos investidores no mercado primário. O Tesouro já começou, na semana passada, a discutir as novas regras com representantes do mercado financeiro. Novas reuniões estão marcadas para esta semana em São Paulo.

A expectativa é de que em agosto as novas regras já possam estar definidas. "Vamos dar mais pontos para os dealers que forem mais ativos no mercado secundário", explicou Valle. O Tesouro e o BC têm hoje 12 dealers de mercado primário (ABN Amro, BNP Paribas, Bradesco, Credit Suisse, Banco do Brasil, Itaú, JP Morgan, Santander, UBS Pactual, Caixa, HSBC e Unibanco) e 10 especialistas (BBM, Bradesco, Fibra, Itaú, Safra, UBS Pactual, Votorantim, Caixa, CM Capital Markets e Renascença DTVM). Os dealers especialistas são dedicados ao giro de negócios no mercado secundário.

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