São Paulo (AE) – A quase totalidade dos fundos de renda fixa destina o dinheiro de seus cotistas para a compra de títulos públicos do governo federal. Se essa é a opção dos grandes bancos, por que o investidor não compra – ele mesmo – esses títulos do Tesouro Direto? Afinal, esse instrumento permite aos brasileiros comprar títulos diretamente do Tesouro Nacional, o que antes era privilégio das instituições financeiras. Diante dessa possibilidade, o investidor vacila e tem dúvidas se, de fato, a rentabilidade final compensa a compra direta dos papéis.
O Tesouro Nacional assegura que vale a pena. O retorno maior seria a principal vantagem da compra direta de títulos. Ao fazer uma comparação entre a rentabilidade dos fundos de renda fixa e do programa, o Tesouro pondera que os investidores desconhecem o impacto das taxas de administração dos fundos, cobradas pelos bancos, sobre a rentabilidade final da aplicação.
No site do Tesouro Direto, o rendimento líquido do programa é confrontado ao de três fundos, que cobram diferentes taxas de administração (2%, 3% e 4%). Independente da rentabilidade, que foi simulada em 18% para as quatro aplicações, o determinante para o retorno líquido foi a taxa de administração. A taxa de administração média do Tesouro Direto é de 0,9% ao ano – composta por uma taxa de 0,40% da Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia e de uma taxa paga ao agente de custódia (banco ou corretora), que não costuma superar 0,50%, embora existam taxas de custódia menores e maiores.
Nesta comparação, descontado o Imposto de Renda e a inflação do período, o retorno final do Tesouro Direto foi de 8,6%. Os fundos renderam 7,6%, 6,6% e 5,6% – o que cobra taxa de administração menor (2%) remunerou melhor e, em contrapartida, o fundo com taxa mais alta (4%) deu o pior retorno (5,6%). Uma aplicação de R$ 10 mil, com retorno líquido de 8,6%, pagará R$ 22,8 mil após dez anos. Se a rentabilidade for de 5,6%, o investidor terá R$ 17,2 mil.
O diretor do Ibmec do Rio de Janeiro, Antônio Marcos Duarte, e o economista Luís Otávio dos Santos fizeram um estudo sobre a rentabilidade das LFT (títulos pós-fixados) vendidas pelo Tesouro Direto e dos fundos de renda fixa. Antes de tudo, eles alertam que o investidor precisa saber quanto pagará de taxa de administração para aplicar em um fundo. Esse custo é determinado pelo valor da aplicação. Quem aplica mais, paga taxas menores. A maioria dos investidores tem menos de R$ 50 mil aplicados. Esses são os ?clientes de varejo? que pagam taxas de mais de 3%. Quem tem R$ 200 mil investidos, são os ?clientes preferenciais? que pagam taxas em torno de 2%. Já os ?clientes private? têm mais de R$ 1 milhão investidos, com taxas em torno de 1%. ?O Tesouro Direto é a melhor opção para os ?clientes de varejo?, independentemente da taxa paga ao agente de custódia?, afirma Duarte. O raciocínio é simples: mesmo se o investidor pagar uma taxa de 1% ao ano, será bem menor do que a taxa de administração média cobrada pelos bancos.
