A maior perspectiva de aprovação da reforma da Previdência e a expectativa de queda na Selic levaram os mercados a terem um mês “extremamente positivo” em junho, afirmou nesta quinta-feira, 25, o coordenador de Operações da Dívida Pública, Roberto Lobarinhas.
“Tivemos forte redução de taxas de juros em junho no mercado doméstico e melhora na percepção de risco”, afirmou.
Como exemplo, Lobarinhas mostrou a taxa de papéis prefixados, de 8,47% para 7,47% em junho, o que avaliou como significativo.
CDS
Lobarinhas disse que os níveis registrados pelo Credit Default Swap (CDS) em julho, nas mínimas desde 2014, é “significativo”, dado que o Brasil ainda não recuperou o grau de investimento nas avaliações das agências de rating.
Ele destacou que a melhoria na percepção de risco verificada em junho continuou intensa neste mês, sobretudo com a aprovação da reforma da Previdência em 1º turno na Câmara dos Deputados. Isso levou também à redução na curva de juros dos títulos púbicos.
“Estamos na direção correta para recuperamos grau de investimento”, afirmou, sem fazer previsões para quando isso pode ocorrer.
O coordenador destacou ainda que as taxas de juros pagas pelo Brasil estão compatíveis com as de países emergentes que têm grau de investimento, como o México.
Estrangeiros
Os estrangeiros aumentaram em R$ 53,7 bilhões o estoque de papéis brasileiros no primeiro semestre, o maior valor desde a perda do grau de investimento pelo Brasil, em 2015.
A participação dos não-residentes na dívida interna passou de 11,2% em dezembro do ano passado para 12,34% em junho. No mês passado, porém, houve redução na participação, que estava em 12,74% em maio. “A saída de estrangeiros em junho é pontual, há antecipação sazonal de rolagem”, afirmou Lobarinhas.
PAF
Lobarinhas disse que, mesmo com a redução de juros cobrados na venda de títulos públicos, o Tesouro Nacional não pretende rever o Plano Anual de Financiamento (PAF) deste ano.
“O PAF contempla uma gama de cenários, inclusive os mais positivos que estamos vivendo atualmente. Entendemos que o que foi planejado neste ano ainda está adequado para o momento de mercado que estamos vivendo”, disse.
Ele afirmou que os títulos atrelados à Selic, que estão fora dos parâmetros programados para o ano, deverão se enquadrar, já que não há vencimentos previstos até dezembro e haverá novas emissões ao longo dos próximos meses. Esses títulos estão com participação de 37,78% em junho, enquanto a previsão do PAF é de ficarem entre 38% e 42%.
Ele lembrou ainda que, em junho, os resgates foram muito baixos e houve emissões líquida, com mais da metade de títulos prefixados.