A redução total do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis deve terminar hoje, com as concessionárias tendo bastante a comemorar. Se, durante os nove primeiros meses em que vigorou a redução, as vendas no máximo foram mantidas em relação aos mesmos meses do ano anterior, em setembro a corrida às lojas deixou os vendedores satisfeitos.
Na comparação com os oito primeiros meses do ano passado, as vendas de automóveis entre janeiro e agosto, este ano, foram 3,32% menores. Apenas os meses de março e junho, até agora, superaram os mesmos meses de 2008.
Foram justamente os meses que eram anunciados, pelo governo, como os últimos com o IPI reduzido. O fato anima os comerciantes em relação aos números, ainda não fechados, de setembro. Ainda mais porque, agora, o fim da redução vem sendo anunciado como definitivo.
“O aumento do fluxo foi bem maior que o normal, no mínimo 30%”, informa o diretor da regional paranaense da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Antônio Carlos Altheim, ao analisar o movimento de clientes na última semana.
Segundo ele, que também é diretor de uma concessionária de Curitiba, a maior procura era por modelos com motores 1.0 e 1.6, os atingidos pela redução do IPI. Para Altheim, mesmo nos primeiros dias de outubro ainda será possível encontrar veículos com preços mais baixos. Tudo vai depender de quantos carros adquiridos com o IPI mais baixo existirem nos estoques.
“Ainda dá para manter os preços por até duas semanas”, calcula. Ele acredita que, sem a alíquota reduzida, os valores dos modelos 1.0 devem aumentar, em média, R$ 750. Já os com motor 1.6 podem subir até R$ 1,5 mil.
Instrumento
Conforme o advogado tributarista Gilson Faust, da Pactum Consultoria Empresarial, o aquecimento nas vendas de carros prova, na prática, que a desoneração tributária é um bom instrumento para enfrentar crises. Para ele, as medidas não causaram impacto negativo nos cofres do governo.
“Diminuindo a carga tributária, a arrecadação aumenta devido a um incremento na atividade econômica”, analisa, lembrando que há espaço, ainda, para uma nova prorrogação da redução do IPI.
Faust acredita que as medidas deveriam servir de exemplo para que ações semelhantes fossem multiplicadas em outras áreas da economia. “Imagine por exemplo o impacto, no desemprego, de uma desoneração sobre a folha salarial”, pondera. O especialista sugere, ainda, que o setor de exportações, que está sofrendo com a baixa do dólar, seja o próximo a ser beneficiado com reduções de impostos.