A Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget) solicitou ao Ministério de Minas e Energia (MME) a reavaliação do sistema de cálculos dos preços de energia elétrica no mercado atacadista. Segundo o presidente da Abraget, Xisto Vieira Filho, os preços têm oscilado muito de uma semana para a outra e ficado muito acima das previsões das empresas do setor.
"O assunto é relevante e está sendo analisado pelo próprio Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)", disse Xisto, lembrando que esse órgão colegiado é a principal instância de decisão para questões referentes ao setor elétrico.
O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, garante, porém, que "não há nada errado" com os cálculos dos preços no mercado atacadista. Esses cálculos são feitos por um software chamado "New Wave", desenvolvido pelo Centro de Pesquisas da Eletrobrás. "Nós avaliamos a questão e não encontramos nenhum problema", disse Chipp, em entrevista à Agência Estado.
As oscilações de preços nas últimas semanas, segundo Chipp, resultaram no baixo volume de chuvas no período de março a junho. "Quando há um período de seca abaixo do normal, há um impacto proporcional nos cálculos do sistema. É assim que funciona e não há nenhum problema", complementou.
Surpresa
Muitas empresas do setor, inclusive o grupo Eletrobrás, têm sido surpreendidas pelas bruscas oscilações de preços. A Eletronuclear, subsidiária do grupo que opera as usinas nucleares de Angra dos Reis, por exemplo, está tendo um prejuízo de quase R$ 30 milhões neste mês de julho apenas pela diferença de preços no mercado atacadista. A usina Angra 1 está fora do sistema interligado e a empresa está tendo de comprar energia no mercado atacadista, arcando com a diferença entre os preços de contrato e os vigentes no mercado atacadista.