A indústria brasileira teve um desempenho melhor do que o esperado em 2013, mas começou 2014 com o pé esquerdo. O PIB do setor registrou retração de 0,8% no primeiro trimestre, a terceira taxa negativa consecutiva, segundo os dados do IBGE. “A indústria nacional está em recessão”, alertou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

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O mau desempenho no início do ano foi puxado pelos segmentos de transformação e construção civil. Houve recuo na fabricação de bens de capital e nas obras de infraestrutura, ou seja, queda nos investimentos. “Além de mostrar que a situação está mesmo ruim, ainda joga um cenário desfavorável para a frente, na medida em que investimentos feitos agora abrem novas oportunidades para o futuro: mais produção, novas contratações. Sem investimentos agora, não teremos nada disso”, disse Rogério César de Souza, economista-chefe do Iedi.

A mudança na metodologia da Pesquisa Industrial Mensal, apurada pelo IBGE e incorporada ao PIB nesta divulgação, provocou uma revisão dos dados de 2013 tanto da indústria quanto da atividade econômica. O PIB brasileiro do ano passado teve o crescimento revisado de 2,3% para 2,5%, enquanto o PIB industrial aumentou de 1,3% para 1,7%. Na indústria de transformação, a taxa de crescimento saltou de 1,9% para 2,7% no ano. Mas os novos números não alteram o cenário para o setor, apenas aumentam a base de comparação para os resultados deste ano, apontou o Iedi.

A indústria de transformação vem com pressões negativas em duas áreas: bens de capital e bens duráveis, sobretudo no setor automobilístico, de acordo com Silvio Sales, economista e consultor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

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Em bens duráveis, a parte de eletroeletrônicos ainda teve bons resultados no primeiro trimestre, com a ajuda da maior procura por aparelhos de televisão, graças à aproximação da Copa do Mundo. No entanto, a fabricação de automóveis registrou perdas, que rebatem ainda no setor de autopeças e siderurgia. “A indústria automobilística está estocada. O mercado argentino contribuiu negativamente, e a demanda interna está desaquecida”, contou Sales.

O recuo no PIB industrial só não foi maior no primeiro trimestre graças à expansão registrada pela indústria extrativa mineral e pela produção e distribuição de eletricidade, gás e água. A piora nas expectativas para os negócios, para a atividade econômica e para o cenário internacional estariam por trás da dificuldade de retomada do setor industrial no País. “A inflação ainda incomoda, a demanda está mais moderada, a taxa de juros elevada e ainda temos as incertezas que cercam o ano eleitoral. Os empresários vão postergando investimentos”, concluiu Sales. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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