Terceira idade não é mais a mesma

Se a idéia que você tem de um aposentado é de um senhor cansado e indisposto, que está o tempo todo de pijama e chinelo, chegou a hora de rever os seus conceitos. Os aposentados – ou que estão prestes a se aposentar – se sentem bem dispostos, não querem parar de trabalhar e desejam ter mais qualidade de vida. É o que revela o estudo ?O futuro da aposentadoria – a nova terceira idade?, realizado pelo HSBC em parceria com a Oxford Institute of Ageing. A pesquisa foi feita com 21 mil pessoas – com idade entre 40 e 79 anos – de 21 países, entre eles o Brasil. Os resultados foram divulgados ontem à imprensa, em São Paulo.

?As pessoas, quando se aposentam, não param mais de trabalhar; elas dedicam-se a atividades voltadas para interesses pessoais, que proporcionem maior qualidade de vida?, apontou Emílson Alonso, presidente do HSBC no Brasil. A pesquisa foi feita com população da classe média, capaz de definir tendências.

Para Richard Jones, executivo-sênior de previdência complementar do Grupo HSBC, o conceito de aposentadoria está errado. ?A aposentadoria foi criada como uma forma de descanso, uma recompensa. A idéia era que o aposentado viveria mais 10 ou 15 anos, e as empresas não tinham que se preocupar com isso?, afirmou. Segundo Jones, a nova realidade requer que o conceito de aposentadoria seja reinventado.

A pesquisa revela, por exemplo, que 86% dos indivíduos entre 60 e 79 anos – em nível mundial – se definem como tendo uma saúde razoável, boa ou muito boa. Além disso, quase metade das pessoas entre 40 e 50 anos, que ainda estão trabalhando, esperam continuar a trabalhar até quando for possível – dessas, 71% devem continuar trabalhando ao invés de se aposentar porque querem.

O resultado global destaca três pontos importantes: a contribuição dos aposentados nas despesas familiares, no serviço voluntário; ter 70 anos hoje é como ter 50 quando o assunto é saúde e controle de suas próprias vidas; e as famílias estão cada vez mais fortes. ?Envelhecer não é o fim do mundo; é algo que devemos esperar com prazer?, destacou Jones.

Brasil

No Brasil, a pesquisa feita com 1.001 pessoas de centros urbanos revela, entre outros pontos, que a qualidade de vida depois dos 60 é melhor que o esperado. ?As pessoas aos 50 anos, próximas à aposentadoria, têm visão mais pessimista do que aquelas que já estão aposentadas?, destacou Marcelo Teixeira, diretor-geral do HSBC Vida e Previdência.

Outro dado que chama a atenção é de que 60% dos aposentados brasileiros não estão preocupados com a falta de dinheiro, porém o padrão de vida pós-aposentadoria é inferior ao esperado. ?Nos Estados Unidos e no Canadá, gerenciam melhor as expectativas. Ou seja, o padrão fica dentro do que esperam?, explicou Teixeira.

Além disso, 8% dos brasileiros acima de 70 anos possuem trabalho remunerado, em período integral, parcial ou esporádico. Entre 50 e 59 anos, o número sobe para 50%.

O trabalho realizado pelo HSBC deve ser levado aos setores públicos e privados. A idéia é que tanto o governo como a sociedade assegurem a existência de políticas que permitam às pessoas mais velhas permanecerem tão ativas quanto puderem e que as empresas não percam trabalhadores com mais de 50 anos. ?Recrute, retenha e recicle aqueles com mais de 50. Nós precisamos deles?, destacou o estudo.

A jornalista viajou a São Paulo, a convite do Grupo HSBC.

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