A queda de 0,7% nas vendas do comércio varejista em junho ante maio, na série com ajuste sazonal do conceito restrito, é reflexo do movimento não favorável dos principais condicionantes para o varejo aliado ao fator Copa do Mundo, que trouxe mais incertezas ao ambiente econômico. A avaliação é da economista da Tendências Consultoria Mariana Oliveira, especialista em comércio e crédito, ao comentar os resultados do setor divulgados há pouco pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A analista afirma que o resultado foi uma “surpresa bastante negativa” para a consultoria, que esperava crescimento de 0,3% na margem em junho na comparação com maio e alta de 2,9% ante junho do ano passado para o varejo – 2,1 pontos percentuais inferior ao divulgado pelo IBGE. Mariana destaca que praticamente todos os segmentos tiveram queda, com exceção das vendas de supermercados, que acredita terem sido favorecidas pelo efeito Copa do Mundo.
A economista cita levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) que aponta que, em junho, os produtos que tiveram resultado mais positivo em vendas foram carnes e bebidas, justamente os que estão mais ligados ao efeito Copa. “Esse resultado positivo é que deve ter puxado o resultado do grupo para cima”, avalia. Ela lembra, contudo, que o levantamento da Abras mostra um arrefecimento nas vendas de outros produtos, como roupas, brinquedos e utensílios domésticos.
Entre os diversos grupos que tiveram resultado negativo, Mariana destaca Combustíveis e lubrificantes, com recuo de 2,3% na margem; Móveis e eletrodomésticos, com queda “importante” de 2%; e Equipamentos de escritório e informática, com recuo de 4%. “Isso é resultado de um movimento não favorável dos principais condicionantes para o varejo em geral, como inflação bastante elevada e disseminada, aumento importante da taxa de juros, queda de prazos e mercado de trabalho com desempenho não muito positivo”, avalia.
Ela acrescenta que a Copa do Mundo trouxe “algumas incertezas” ao ambiente econômico, que se juntaram aos condicionantes do varejo desfavoráveis. “Temos o efeito calendário de feriados que vigorou, isso também deve ter atrapalhado as vendas”, afirma. A economista informa que a Tendências ainda está analisando os dados, para avaliar se irá alterar as projeções para o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br).