O resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de maio reforçou a análise de um cenário ruim no mercado de trabalho brasileiro. A avaliação é do economista-chefe da Infinity Asset, Carlos Acquisti, que em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, disse que, pelo menos no curtíssimo prazo, não vê possibilidade de uma reversão significativa do atual panorama desfavorável para o emprego.
“De uma forma geral, os números de atividade estão piores do que as projeções, que já eram negativas. Com a atividade com a cara que está, o mercado de trabalho deve continuar piorando”, destacou Acquisti. “Acredito que pode haver um respiro e até uma estabilização em algum momento, mas, no curtíssimo prazo, a tendência ainda é de deterioração”, opinou.
Conforme a divulgação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram fechados 115.599 postos de trabalho no mês passado. O resultado ficou próximo das piores expectativas dos economistas do mercado financeiro, já que, pelo levantamento do AE Projeções, as previsões eram de um corte de 20 mil a 124.448 postos de trabalho, com mediana negativa de 52 mil vagas.
O número informado pelo MTE foi ainda o pior para o mês da série histórica, iniciada em 1992. Foi ainda a primeira vez que o Caged apresenta resultado negativo em maio, segundo a Pasta.
“É importante ressaltar que o mercado de trabalho costuma ser um dos que mais demoram a piorar, dado que é oneroso o processo de demissão e recontratação”, lembrou Acquisti ao Broadcast. “De uma forma geral, quando as empresas demitem é porque as expectativas de curto e médio prazo estão ruins”, comentou.
Na avaliação do economista-chefe da Infinity Asset, o Caged ganhou mais importância nos últimos anos, conforme a formalização foi aumentando no mercado de trabalho brasileiro. Numa comparação com os EUA, Acquisti disse que o número do MTE pode estar ficando tão importante no acompanhamento como são os dados do tradicional payroll norte-americano. “Por aqui, ainda estamos longe do patamar de formalização deles”, salientou.