A história é sempre a mesma. Novembro e Dezembro traz oportunidades de emprego para quem passou o ano fora do mercado. O comércio contrata para atender o aumento do consumo no natal e, com isso, lojistas e trabalhadores fecham os chamados contratos temporários. Segundo o vice-presidente da área de serviços da Associação Comercial do Paraná (ACP), Élcio Ribeiro, na Grande Curitiba foram cerca de 10 mil contratações desse tipo no ano passado.
Para a maioria desses trabalhadores, no entanto, o começo do ano representa o fim do contrato. Para outros, uma minoria, o temporário acaba virando fixo. Boas vendas, facilidade de relacionamento com os colegas, flexibilidade de horário e um pouquinho de sorte ajudam o funcionário temporário a transformar o ?bico? em trabalho. É o caso de Jucimara Pires e Andréia Regina Andrashcko. As duas fizeram parte de um grupo de seis meninas contratas pela Hering em 11 de novembro para reforçar o atendimento de final de ano. “Acho que mostramos um bom trabalho. Demos sorte de ter aparecido a vaga”, diz Jucimara, que segundo as colegas chamou a atenção pela facilidade de diálogo com os clientes.
A ACP e o Sindicato dos Lojistas Estabelecidos em Shopping Centers de Curitiba não têm dados sobre o total de temporários que viram fixos. Mas, segundo a presidente em exercício do Sindicato, Hanelore Ozório, as contratações são uma constante, apesar das incertezas do começo do ano. “Estávamos com um cenário de indefinições. O comércio esperou os passos do novo governo e houveram algumas demissões também”, diz Hanelore, lembrando que, embora alguns lojistas demitam sem reposição de funcionários, algumas vagas são ocupadas por aqueles que eram temporários.
Ficha
A presidente do sindicato também alerta para o fato de que o trabalho temporário pode render uma contratação, mesmo passado algum tempo. “Muita gente trabalha, se sai bem, mas é dispensada. Só que o lojista vai lembrar dessa pessoa na hora em que abrir a vaga.”
Foi o que aconteceu com Camila Wrencher na Livrarias Curitiba. Ela trabalhou como temporária até abril do ano passado. Foi dispensada e chamada novamente em julho. “Me ligaram, fiquei surpresa mas aceitei na hora”, conta.
Só na capital, o quadro de funcionários das Livrarias chega a 400 pessoas, sendo 60% deles temporários. Segundo Leoni Pedri, gerente de marketing da Livraria, a contratação de temporários é uma prática que já criou laços entre empresa e funcionários. “Temos um pessoal que entra em dezembro e trabalha para atender o público da volta as aulas. Todo ano. Como são estudantes, a maioria acaba inclusive recusando o trabalho fixo”, explica.