Presidente Lula falou a jornalistas de emissoras de rádio. |
Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu ontem que “o tempo das vacas magras” já passou. Ele procurou, assim, dar um tom otimista ao seu governo, ao falar de crescimento econômico e sobre a geração de emprego. A declaração, durante entrevista aos jornalistas de rádio, ocorre em meio a fraqueza econômica do país e índices recordes de desemprego.
“Tudo isso está dentro de uma certeza de que acabou o tempo das vacas magras, acho que o sacrifício que tinha que ser feito já foi feito, todos nós estamos otimistas que neste último trimestre deste ano e no começo do próximo ano a economia brasileira vai voltar a crescer”, disse o presidente. Lula disse ainda que a retomada do crescimento é “um sonho, um desejo e uma obsessão”.
No início do ano, a expectativa do governo era de que o país pudesse crescer até 2,8 por cento em 2003, mas o número foi sendo revisto, a medida que foram sendo divulgados indicadores desanimadores sobre a atividade econômica. De acordo com a última previsão do Banco Central, a estimativa é que o país encerre o ano com crescimento de 0,6 por cento, depois de entrar em recessão técnica no segundo trimestre.
Lula afirmou ainda que “vamos gerar os empregos que nós queremos gerar, não sei se serão 10, 5 ou 20. O que precisamos é ter clareza que precisamos gerar os empregos com muita urgência”, disse o presidente. Durante a campanha, a expectativa do então candidato Lula era criar 10 milhões de empregos nos quatro anos de mandato. A preocupação do presidente foi respaldada pela pesquisa da Confederação Nacional da Indústria/Ibope, na quarta-feira, que mostrou que o desemprego é uma das principais preocupações dos brasileiros.
Mesmo não alcançando as principais metas de seu governo, como a erradicação da fome e a geração de empregos, Lula não está “frustrado” porque “não há uma maneira rápida de se fazer as coisas”. “Acho que já fizemos milagre neste país, não só com o governo, mas com a ajuda da sociedade (.) Temos nove meses de governo, e nove meses foi o tempo que eu levei para nascer”, disse o presidente.
Vem aí um novo modelo
Brasília – É preciso criar um novo conceito de reforma agrária no País, disse Lula. Para ele, não adianta dar terras às pessoas e não oferecer condições de trabalho. Isso fez com que 80% dos assentados pela reforma agrária até agora dependam de cestas básicas do governo para sobreviver. “Qual o prazer de colocar a pessoa em 30 hectares de terra, num lugar em que não há água, não há consumidor, não há técnica? Isso não é reforma agrária. Eu vou inaugurar um novo modelo de reforma agrária”, afirmou o presidente, para quem esta reforma deve levar em consideração o que o assentado vai plantar e, a partir daí, é preciso oferecer assistência técnica para que o trabalhador comece a produzir.
Não terá nenhum veto
Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que não vai vetar qualquer artigo do Estatuto do Idoso assinado anteontem por ele. O Estatuto ficou em discussão durante sete anos e foi aprovado em unanimidade pelos 513 deputados e 81 senadores. Segundo Lula, se fosse necessária alguma mudança, ela deveria ter sido feita no Congresso. O artigo do Estatuto proibindo os planos de saúde de cobrarem mais dos idosos foi criticado pelo ministro da Saúde, Humberto Costa, que pediu o veto do presidente. “Não vou vetar, se fosse vetar não teria assinado ontem”, garantiu Lula. Segundo o presidente, se houver algum problema na aplicação da lei, essa questão será resolvida por meio, por exemplo, de um outro projeto de lei.