A aversão a risco atinge os mercados domésticos na manhã desta segunda-feira, 5, diante da intensificação da tensão comercial entre Estados Unidos e China. O Ibovespa cai na faixa dos 2,00% e já aquém dos 101 mil pontos, enquanto o dólar avança acima de 1,00%, com os juros futuros acompanhando a dinâmica de alta da moeda norte-americana. Todos os ativos (66) que integram o principal índice à vista da B3 cedem.
A preocupação de investidores com as consequências da guerra comercial sino-americana sobre a economia mundial fez as bolsas de Nova York abrirem com queda firme, com Nasdaq caindo mais que 2,00%, o S&P 500 e o Nasdaq recuando acima de 1,50%. Na Europa, o quadro de baixa não é diferente.
Apesar da volta dos parlamentares ao trabalho hoje, com possibilidade de retomada de votação da reforma previdenciária, hoje a agenda doméstica é fraca no Brasil e as quedas lá fora são relevantes.
“Não tem escapatória. O quadro externo está ruim, diante da disputa comercial EUA/China. As commodities estão caindo fortemente. Quanto à reforma, não há nada que possa ser decidido por enquanto”, diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença DTVM.
Na última semana, o presidente norte-americano, Donald Trump, informou que imporá tarifas sobre mais US$ 300 bilhões em importações chinesas. Além disso, observa em relatório o Bradesco, nesta segunda-feira a moeda chinesa superou a barreira psicológica de 7 yuans por dólar, o que pressionou as demais moedas asiáticas. Segundo o Banco do Povo da China, essa desvalorização é reflexo do protecionismo comercial norte-americano.
“Existem várias formas de retaliação. E essa desvalorização cambial do yuan é uma delas”, cita Monteiro.
Nesta manhã, Trump destacou no Twitter que o governo chinês desvalorizou sua moeda para quase um nível histórico. “Isso se chama manipulação cambial”, acusou. Conforme o presidente, “isso é uma violação importante que enfraquecerá a China ao longo do tempo”.
Além do reflexo nas bolsas e no câmbio, as commodities também sentem o impacto. O minério de ferro fechou com declínio de quase 7% na China, enquanto o petróleo cede na faixa de 1,00%, o que torna complicado uma valorização das duas principais blue chips do Ibovespa: Vale e Petrobrás. As ações das empresas têm recuos firmes: 2,45% (Petrobras PN), 3,36% (Petrobras ON) e 3,91% (Vale ON).
Quanto à reforma da Previdência, a expectativa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é avançar na segunda etapa do tema esta semana. Depois de quase 20 dias de recesso, Maia marcou oito sessões de plenário para discussão e votação em segundo turno da matéria entre amanhã e quinta-feira.
Às 10h51, o Ibovespa cedia 1,89%, aos 100.734,95 pontos, depois de mínima aos 100.440,12 pontos e máxima aos 102.657,77 pontos. Na sexta-feira, mesmo com o recuo dos mercados acionários de Nova York, o Ibovespa fechou em alta (0,54%), aos 102.673,68 pontos.