O presidente da República, Michel Temer, disse nesta sexta-feira, 15, que o adiamento da votação da reforma da Previdência para 19 de fevereiro foi “ótimo”, porque a matéria é “difícil” e os deputados vão perceber, durante o recesso, que não há “oposição feroz” quanto ao tema. Segundo ele, boa parte da população confia na Previdência, e o governo conta com a “compreensão oculta” dos líderes da oposição.
“Acho que temos a compreensão, ainda que oculta, dos líderes da oposição. Essa é uma questão de Estado. Você conserta o Estado brasileiro hoje e ele vai servir para quem vier depois. E não se sabe quem é. Portanto, quem vier depois encontrará um Brasil arrumado, nos trilhos”, afirmou Temer no Palácio do Planalto, em Brasília.
O presidente também tentou convencer os deputados a conversar com seus eleitores nos Estados durante o recesso parlamentar, que se inicia na próxima semana. Ele disse que o governo está fazendo uma campanha e contando votos para chegar aos 308 necessários para aprovar a proposta de emenda à constituição que muda as regras de aposentadoria.
“Nós estamos empenhados. ‘Ah, vai ficar para fevereiro’. Ótimo. Fevereiro porque nós não temos votos. Não queremos constranger deputados e senadores. Quando tivermos os 308 votos, não vamos constranger nenhum deputado. Nem nós queremos nem o Rodrigo (Maia, presidente da Câmara) quer, nem o Eunício (Oliveira, presidente do Senado) quer. Nenhum líder quer isso”, afirmou Temer. “Em janeiro, os nossos parlamentares vão para suas bases e vão verificar que não há uma oposição feroz em relação à Previdência e, portanto, voltarão, penso eu, muito mais animados para votar a reforma em fevereiro.”
Temer presidiu a cerimônia de transição na Secretaria de Governo, entre o ex-ministro Antônio Imbassahy (PSDB-BA), a quem o presidente agradeceu, e o novo titular, Carlos Marun (PMDB-MS). Temer afirmou que Marun será um gigante a favor da reforma. Ele pediu que o novo ministro dedique dia e noite, até 20 horas por dia, no assunto. “Você tem energia para isso.”
O presidente citou as oscilações no mercado financeiro por causa dos sinais de andamento ou retrocesso na tramitação da reforma e afirmou que confia na seriedade e higidez do Congresso Nacional para aprovar as mudanças nas regras de aposentadoria. “Toda vez que há uma coisinha mínima, acham que a Previdência não será aprovada, a bolsa cai”, disse. “A confiança hoje está muito conectada à reforma da Previdência. Eu vejo hoje que há certo desalento, a ideia de que vai dar tudo errado, pode ser que os juros subam, que a inflação volte, que a economia não prospere. Digo aqui em alto e bom som: Nós vamos aprovar a Previdência no Congresso, não temos dúvida disso.”
Temer afirmou que o governo vai levar a reforma da Previdência até o final e completar o ciclo reformista com a simplificação tributária. Ele repetiu os argumentos de que a reforma não prejudica os mais pobres e acaba com privilégios.