Tecnologia na agricultura não é fator limitante

O uso de tecnologia e automação é parte integrante da agricultura de precisão e de fato faz a diferença para uma gestão meticulosa da lavoura. Sistemas de navegação que aplicam insumos a taxas variadas, como barra de luz e piloto automático, têm se tornado cada vez mais frequentes. Os usuários da agricultura de precisão também utilizam colheitadeiras com sensores (19,4%), além de imagens de satélite, computadores (73,8%) e internet (67,5%) para a gestão da propriedade.

As metodologias para aumentar a eficácia da operação agrícola, no entanto, não estão restritas apenas à tecnologia de ponta. O mapeamento do solo para diagnóstico das necessidades de cada região da lavoura pode ser feita tanto de forma estritamente manual quanto por drones com câmeras de infravermelho. “A agricultura de precisão é mais uma ferramenta de gestão do que a tecnologia em si. Se o produtor não tiver gestão e administração adequada, a máquina não vai resolver suas deficiências”, afirma Patrícia, do Senar.

“O agricultor pode entrar na lavoura, contar o número de plantas e colocar num papel quadriculado”, afirma o professor Inamisu. “Os pequenos produtores, por exemplo, fazem esse tipo de análise de uma forma mais intuitiva. Por outro lado, o grande agricultor pode usar uma técnica sofisticada.”

O grupo André Maggi, produtor de soja, milho e algodão no Mato Grosso, é um dos que faziam o monitoramento das lavouras de forma manual. Os funcionários registravam informações sobre produtividade, aplicação de defensivos, precipitação e performance das pragas em formulários, que demoravam cinco dias para chegar ao escritório.

Em 2010, contudo, passaram a usar tablets para monitorar os 258 mil hectares de lavoura, e desenvolveram um software próprio de gestão. “A nossa opção por tablet foi para devolver aos trabalhadores do campo informações inerentes ao dia a dia de suas atividades, como indicadores de performance, custos operacionais, rendimento das equipes e das máquinas”, diz Ricardo Moreira, gerente de controle de produção do grupo. “Ganhamos precisão na qualidade das informações e deixamos de utilizar 50 mil formulários por safra.”

Para Patrícia, porém, é preciso desmistificar a agricultura de precisão e desassociá-la estritamente da tecnologia de ponta, a fim de estimular os pequenos ou de mais baixa renda. “É preciso mostrar que as ferramentas de gestão e otimização dos recursos não estão apenas disponíveis para grandes propriedades de terra com alta tecnologia à disposição”, afirma.

Uma das evidências da necessidade de desmistificação, segundo ela, é o fato de a pesquisa constatar que muitas propriedades que fazem uso da agricultura de precisão possuem equipamentos, mas os subutilizam. “O produtor brasileiro não tem a cultura de tratar a propriedade como uma empresa, então não faz a gestão da forma que deveria fazer”, pontua. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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