Representantes das principais regiões produtoras de soja do Brasil apresentaram ontem pela manhã, durante os primeiros trabalhos da Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil, em realização no Aguativa Resort, em Cornélio Procópio, Paraná, um relato do desempenho da safra 2004/05 em suas regiões de atuação. Além dos problemas climáticos ocorridos durante a safra, os técnicos apontaram a preocupação em resgatar as técnicas de manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas. O evento é uma promoção da Embrapa Soja.
?Essa preocupação mostra que, cada vez mais, a racionalização no uso dos insumos e a aplicação das recomendações técnicas são fundamentais para que o produtor possa ter lucro na produção de soja?, afirma Alexandre Cattelan, presidente do evento. Com relação à ferrugem asiática, os relatos mostraram que a doença vem ocorrendo de forma generalizada, porém como o clima tem ajudado, ela não apresentou o mesmo nível de severidade que há alguns anos.
No estado do Mato Grosso, onde ocorreu um aumento de área de 16% em relação ao ano passado, Fábio Álvares, pesquisador da Embrapa Soja, mostrou que vem aumentando significativamente as áreas com problemas de plantas daninhas resistentes. ?Isso tem elevado o custo de produção?, explica. Segundo ele, nas áreas onde este problema vem se agravando, a tendência é que a soja transgênica ocupe o lugar da convencional, uma vez que seu manejo é mais fácil de ser realizado. A ferrugem asiática ainda tem sido um problema no Estado, principalmente nas regiões onde a soja é cultivada no inverno, e em média, são feitas duas aplicações para controle.
No Paraná, segundo maior produtor de soja, o fato que marcou a safra foi a estiagem nos meses de janeiro e fevereiro. Apesar de um aumento de 4,5% da área plantada, a produtividade média foi reduzida cerca de 9% em relação à safra passada. ?Um das demandas para a sojicultura no Estado é por um zoneamento agrícola para semeadura antecipada. Isso facilita a vida do produtor que pretende fazer a safrinha de milho?, avalia Fernando Adegas, agrônomo da Emater-PR, que apresentou o relato do Estado. Entre as tecnologias que deveriam ser mais adotadas pelos agricultores paranaenses, o agrônomo cita o manejo de plantas daninhas e o do solo (cobertura e rotação).
Os estados de Goiás, Tocantins e o Distrito Federal vêm apresentando uma recuperação na produtividade média. ?Um dos sinais mais positivos é que os agricultores estão investindo no tratamento de sementes, no plantio direto e no preparo do solo.? Os pontos negativos da safra foram: o veranico – que aliado à ocorrência de fitotoxicidade de fungicidas, proporcionou perdas de 10% na produtividade, a baixa adoção do programa de manejo integrado de lagartas e percevejos e o aumento da incidência de mosca branca e percevejo castanho.
Segundo Plínio Itamar de Souza, pesquisador da Embrapa Cerrados, o grande aprendizado da safra foi fruto do surgimento de sementes piratas. ?No Centro-Oeste não é tão fácil plantar semente contrabandeada. Em função das características de latitude, é fundamental realizar a adaptação. Muitos agricultores que plantaram sementes piratas tiveram prejuízo em função da baixa produtividade?, alertou Plínio. Este ano, durante a reunião, a Embrapa Soja está lançando três cultivares transgênicas adaptadas para o Brasil. Também foram feitos relatos dos estados do Maranhão, Piauí, São Paulo, Minas Gerais, Rondônia, Roraima e Mato Grosso do Sul.