Rio – O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Marcos Lisboa, acredita que o Brasil já passou pela crise. Durante seminário promovido ontem no Rio pelo fundo de pensão Telos, dos funcionários da Embratel, Lisboa observou que “foi uma grave crise, sobretudo na sustentabilidade fiscal”, com dificuldade de rolagem de financiamento externo e da dívida pública.
“A boa notícia é que nós passamos pela crise”, afirmou. Segundo Lisboa, a crise nos anos 60 durou cinco anos e a dos anos 80 mais de dez anos. Na segunda-feira, o presidente da Gradiente Eugênio Staub dissera que a atual crise só se compara à de 1965. Sem citar o empresário, Lisboa comentou também que a crise no ano passado não provocou queda no nível de atividade econômica, como em países como a Argentina, onde houve queda do PIB em dois anos consecutivos.
Lisboa considerou a estabilidade essencial para a retomada do crescimento e lembrou que a poupança pública ainda é negativa. “Um dos objetivos do governo é a recomposição da poupança pública, inclusive para liberar crédito para o setor privado”, disse, observando que o setor público é “sugador” de crédito.
O secretário defendeu menores gastos públicos e melhora e estabilidade da regulação para viabilizar investimento privado em infra-estrutura. “Quanto maior é a incerteza regulatória, maior é o custo do investimento, maior é a tarifa que o consumidor paga e pior é o serviço”, afirmou. Ele defendeu também a concessão de “incentivos corretos para que o crédito possa se dar a um custo mais baixo”, e citou a Lei de Falências como um ponto importante para isso.
Lisboa considerou fundamental também aumentar o nível de comércio internacional e a produtividade e reduzir a desigualdade de renda no País.
