Taxa de juro não preocupa consumidores

Os consumidores de baixa renda não conhecem o valor da taxa de juros que pagam em financiamentos. Esta é a principal conclusão de uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Fractal nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife, Salvador, Curitiba, Campinas e Ribeirão Preto. Segundo o estudo, a região Sul se destaca como sendo uma das que mais possuem cidadãos informados sobre o assunto. Enquanto 81,7% dos entrevistados de todas as cidades pesquisadas disseram que não conhecem as taxas de juros que pagam, em Curitiba e Porto Alegre 75% deles fizeram a mesma afirmação.

O professor e diretor presidente do Instituto, Celso Grisi, diz que o brasileiro desconhece os juros por duas razões simples: a primeira é porque não tem ou não sabe operar um calculadora para chegar ao valor de um juro composto. A segunda razão é que o consumidor se preocupa mais com a parcela que vai pagar (se cabe no bolso ou não), e esquece dos juros que vai arcar no final das contas. ?Pode-se dizer que o consumidor até mesmo despreza estes juros?, comenta o professor.

Com relação à região Sul, Grisi diz que o morador de baixa renda daqui é mais qualificado do que em outros grandes centros. ?O Sul possui menos pobres e além disso tem cidadãos com melhor nível cultural?, afirma. A pesquisa apontou que os produtos com os quais o consumidor de baixa renda mais gasta são alimentos, roupas, veículos, materiais de construção civil e eletrodomésticos (no caso dos alimentos, o cidadão compromete 32% de sua renda). ?O consumidor associa o fato de ter uma geladeira melhor, por exemplo, à redução do custo de vida. Ou seja, se eu possuo uma geladeira melhor posso aproveitar as promoções de carne e estocar. Mas ele vê os benefícios em adquirir o bem, e esquece da taxa de juros?, exemplifica.

Grisi diz que não vê pontos negativos no consumo exagerado. Ele explica que a demanda que estava reprimida está sendo suprida pelas indústrias, o que está dando equilíbrio à situação até o momento. ?Para o governo administrar bem isso ele deve, ou estimular a produção ou aumentar as importações. E neste momento também deveríamos reduzir os juros e a carga tributária das empresas, pelo menos?, alerta o professor.

Além disso, o CET (Custo Efetivo Global) também deve contribuir para a informação ao consumidor. A CET foi uma medida criada pelo Banco Central com o objetivo de deixar mais claro ao público as taxas de juros cobradas em financiamentos. ?E também cabe aos empresários cumprirem a legislação, que é informar as taxas de juros reais ao consumidor?, completa.

Na série histórica da pesquisa (que é feita todo ano) a conta de luz continua sendo a principal despesa paga pelas famílias, seguida pela conta de água e a parcela do financiamento, ficando para trás dívidas como o aluguel da residência (que aparece em 9.º lugar nos itens a serem pagos). Em relação aos valores, a despesa média com conta de luz é de R$ 50, e com o financiamento do imóvel, por exemplo, é de R$ 250. A pesquisa do instituto ouviu 3.264 consumidores com idade a partir de 20 anos e com média salarial acima de R$ 250.

Saiba mais:
Ameaça crescente de inflação levou Banco Central a subir juro
Estudantes protestam contra juros em frente ao Banco Central
Para Mantega, combate do País à inflação é muito satisfatório

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo