Foto: Aliocha Mauricio/O Estado |
Temporários gerados pelas eleições influenciaram resultado. |
Com a geração de 244 mil novos postos de trabalho nas seis principais regiões metropolitanas do país, a taxa de desemprego apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) caiu para 10% em setembro, ante 10,6% em agosto. A taxa foi a menor apurada desde janeiro, mas ainda é superior à registrada em setembro de 2005 (9,6%). O rendimento médio dos trabalhadores caiu 0,8% na comparação com o mês anterior, mas manteve a trajetória de expansão na análise em relação a igual mês do ano passado (2,7%).
O gerente da pesquisa mensal de emprego, Cimar Azeredo, avalia que o mercado de trabalho reagiu com mais vigor em setembro. Mas para ele, como os trabalhos temporários gerados pelas eleições podem ter influência nesse resultado, é preciso esperar os dados de outubro e novembro para ?confirmar a tendência? de recuperação mais forte.
Azeredo lembrou que o número de ocupados tende a crescer no segundo semestre do ano, com a contratação de trabalhadores na indústria e, mais no final do período, no comércio. ?O principal efeito nessa taxa é o processo sazonal de final de ano?, disse.
Em setembro, o número de empregados na indústria cresceu 1,9% ante agosto, com mais 66 mil vagas. Acréscimos importantes também ocorreram na rubrica ?outros serviços? (que inclui trabalhos em agremiações e partidos políticos, com aumento de 1,6%, ou 56 mil vagas) e serviços prestados às empresas, com aumento de 118 mil novas vagas, 4,1% maior do que agosto.
Azeredo sublinhou também que, ao contrário do que vinha ocorrendo em meses anteriores, a demanda por uma vaga no mercado de trabalho foi atendida em setembro, comparativamente a agosto. O número de desocupados (sem trabalho e procurando emprego) caiu 5,3% no mês ante agosto, com decréscimo de 128 mil pessoas. Apesar da queda, o número de desempregados nas seis regiões somou 2,29 milhões de pessoas.
Os ocupados eram 20,69 milhões em setembro. Segundo avalia Marcelo de Ávila, analista de mercado de trabalho do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o quadro revelado pela pesquisa ?é muito favorável? e foi influenciado pelas contratações temporárias no período eleitoral e pelo aquecimento da atividade econômica no terceiro trimestre. ?No início deste ano o mercado de trabalho mostrou uma grande apatia mas, em compensação, a recuperação veio com vigor bem expressivo?, disse.
Para Guilherme Maia, da Tendências Consultoria, os resultados da pesquisa mostraram continuidade da melhora na situação de emprego, que teve início em junho, e a taxa média neste ano deverá ficar em 10%. De janeiro a setembro, segundo Azeredo, a taxa média chegou a 10,2%, ?estatisticamente estável? em relação aos 10% dos primeiros nove meses de 2005.
Renda
Para Maia, a queda no rendimento médio ante agosto não reverte uma ?tendência de estabilidade? nos ganhos dos trabalhadores, após uma recuperação vigorosa ocorrida no primeiro semestre. ?Se for mantida esta tendência de estabilidade, fecharemos o ano com um aumento médio da renda de 3,8%, o que é compatível com um crescimento da massa real de salários próximo de 6%?, avalia.
Cimar Azeredo explica que a queda na renda foi puxada especialmente pelo grupo dos empregadores. Esse grupo apresentou um recuo de 4,1% no rendimento no período mas, ainda assim, a renda desse tipo de inserção no mercado (empreendimentos cuja atividade contam com pelo menos um empregado) chegou a R$ 2.795,80 em setembro, quase três vezes maior do que a média de R$ 1.030,20 apurada para o total dos ocupados. Ainda que este grupo tenha uma pequena participação (4,8%) no total dos ocupados nas seis regiões, tem um peso forte no rendimento.
Ainda segundo Azeredo, a queda do rendimento médio ante mês anterior pode estar relacionada também ao aumento no número de ocupados, já que quando entram mais pessoas no mercado de trabalho, com salários iniciais abaixo da média, a renda acaba sendo puxada para baixo.