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Pelo sexto mês consecutivo o número |
Rio (AE) – A taxa de desemprego ficou estável em 9,4% em julho, mesmo resultado de junho. Apesar da forte queda ante julho de 2004 (11,2%), o gerente da pesquisa mensal de emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo Pereira, considerou o desempenho do mercado de trabalho uma ?decepção?. Segundo ele, a reação do emprego ?desacelerou? no início do segundo semestre porque as altas taxas de juros estão inibindo as contratações.
Por outro lado, o rendimento médio real dos trabalhadores aumentou tanto na comparação com junho (2,5%) quanto ante julho do ano passado (1,6%), embalado pelos efeitos do reajuste do salário mínimo e da queda na inflação. Outro dado positivo da pesquisa foi a queda da informalidade que, na avaliação de Pereira, ?cai a passos largos?.
Julho foi o sexto mês consecutivo em que o número de ocupados com carteira cresceu acima dos informais. O número de empregados sem carteira registrou variação zero ante igual mês do ano passado pelo segundo mês consecutivo e pequena queda (-0,3%, também a segunda consecutiva) ante junho.
Os ocupados por conta própria, também considerados informais pelo IBGE, apresentaram redução ante julho de 2004 (-2,5%) e ante junho (-0,3%). Do lado formal, o número de empregados com carteira caiu ante junho (-0,5%), mas cresceu ante julho do ano passado (5,5%).
Apesar desses sinais positivos, Pereira disse que esperava uma aceleração no crescimento do número de ocupados e queda na taxa de desemprego, que tradicionalmente começa a acentuar o recuo no início do segundo semestre. Ele atribui aos juros elevados o ?cenário de incerteza? que inibe os empresários a fazer investimentos em novas contratações.
O número de ocupados chegou a 19,8 milhões nas seis regiões, praticamente estável (-0,1%) em relação a junho. Enquanto isso, o número de desocupados (sem trabalho e procurando emprego) cresceu 0,5% ante o mês anterior, apesar da queda de 15,6% ante julho do ano passado e ainda totaliza 2,06 milhões de pessoas.
?O mercado de trabalho no início do ano começou a apresentar sinais favoráveis e agora é como se ocorresse uma estabilidade. Pode ser que essa desaceleração seja conseqüência das incertezas do investidor, que não tem garantia que terá sucesso ao abrir postos de trabalho por causa das taxas elevadas. Não há no horizonte visão que dê certeza ao investidor?, disse Pereira.
Segundo ele, a perspectiva para os próximos meses, com base nos dados da pesquisa e nas séries históricas, é que a taxa de desemprego retome a trajetória de queda e a ocupação aumente nas seis regiões. ?Agora vai depender muito de como vai se monitorar esse cenário de incerteza da Selic (taxa básica de juros)?, disse.
Para Marcelo de Ávila, analista de mercado de trabalho do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), os dados de julho podem indicar uma perda de fôlego na geração de novas vagas, mas será preciso aguardar os dados de agosto e setembro para confirmar essa tendência.
Para ele, o resultado de julho ?não foi muito bom?, com poucas contratações e manutenção da taxa de desemprego. Ele concorda com a análise de Pereira de que há relação entre os juros altos e a perda de ritmo na geração de vagas. ?Há expectativa da queda da Selic há um tempo e a manutenção (da taxa) impede o investimento e acaba atrasando as contratações?, afirma.
Renda
Mas o economista sublinhou também dados positivos como o aumento do rendimento e a continuidade da queda da formalidade. Ele destacou que o crescimento de 2,5% na renda média real em julho ante junho foi a segunda maior variação da série histórica da pesquisa nesse indicador, só perdendo para maio de 2005.
Nas contas do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), no documento de análise da pesquisa, a massa de rendimentos (total de salários pagos nas seis regiões), cresceu 2,4% em relação a junho, o segundo mês de evolução consecutiva. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a expansão foi de 3,9%.