O mercado de trabalho foi melhor em 2005 do que nos dois primeiros anos do governo Lula, segundo mostra levantamento divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Houve evolução em indicadores como ocupação, formalidade e renda, além de queda na taxa de desemprego. Por outro lado, cresceu a dificuldade dos mais jovens em conseguir emprego, apesar da criação do programa Primeiro Emprego em 2003. Os dados são parte de estudo do IBGE sobre a evolução do mercado de trabalho desde 2003.
?O ano de 2005 foi melhor do que 2004, que também foi melhor que 2003?, disse Cimar Azeredo, coordenador da pesquisa. Entretanto, ele sublinhou que o número de desocupados apurado nas seis regiões em dezembro (1,8 milhão de pessoas) ainda ?é um número alto? e 8,3% da População Economicamente Ativa estava desempregada no final do ano passado, o que ele considera ?um número considerável?
Como exemplo da evolução do mercado de trabalho no atual governo, Azeredo citou que o rendimento médio real dos trabalhadores, que foi de R$ 960,70 em 2003 e caiu para R$ 953,51 em 2004 (-0,7%), voltou a subir em 2005, atingindo a média de R$ 972,61 (2% ). Na comparação com 2003, o rendimento médio em 2005 subiu 1,2%.
A taxa de desemprego passou de 12,3% em 2003 para 11,5% em 2004 e 9,8% em 2005. O número de empregados com carteira cresceu 5,6% em 2005, contra aumento bem menor (2%) registrado em 2004 ante 2003. O número de ocupados continuou em alta, com aumento de 3% no ano passado em relação ao o ano anterior.
Jovens
O estudo revela ainda que a população ocupada ficou mais velha e mais instruída entre 2003 e o ano passado. Segundo a pesquisa, a faixa etária com mais dificuldade de conseguir emprego é a dos jovens entre 10 e 24 anos. Especificamente no caso dos jovens entre 18 e 24 anos, o número de ocupados ficou estável (0,2%) em 2005, enquanto na faixa dos 50 anos ou mais o número de vagas cresceu 6,3%
Além disso, a participação da população de 10 a 24 anos no total de ocupados caiu de 19,5% em 2003 para 18,2% em 2005, a fatia dos ocupados com 50 anos ou mais subiu de 16,8% em 2003 para 18% em 2005. Azeredo acredita que esse fenômeno está relacionado ao envelhecimento da população e também à preferência dos empregadores pela contratação de pessoas com mais experiência. No que diz respeito ao grau de instrução, 2005 ficou marcado como o primeiro ano no qual o IBGE registrou que mais de 50% da população ocupada tinha 11 anos ou mais de estudo. Enquanto em 2003 a fatia da população ocupada com esse grau de instrução era de 46,7%, em 2005 chegou a 50,3%. Por outro lado, a participação dos trabalhadores sem instrução ou com menos de um ano de estudo no total de ocupados caiu de 3% para 2,4% no período. ?Isso mostra que quem tem menos estudo está sofrendo muito mais para conseguir emprego?, observou Marcelo de Ávila, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Renda
Ainda no ano passado, o rendimento médio real dos trabalhadores inverteu o sinal negativo que vinha apresentando há sete anos consecutivos – considerando também a série antiga da pesquisa mensal de emprego – e cresceu 2% ante 2004. Em dezembro, a forte queda da taxa de desemprego em comparação a novembro (9,6%) ocorreu após seis meses de ?engessamento? nesse indicador.