Taxa de câmbio real é a menor desde 1998

A valorização do real ante o dólar, intensificada nas últimas semanas, voltou a ser motivo de preocupação no Brasil. Do início do ano até agora, a moeda americana despencou 21,88%, de R$ 2,33 para R$ 1,82. O movimento derrubou a taxa de câmbio real (descontada a inflação) para o nível mais baixo desde 1998, segundo cálculo do economista-chefe da multinacional alemã Siemens, Antonio Corrêa de Lacerda, que também é professor do Departamento de Economia da PUC-SP.

Na prática, avalia ele, a cotação atual de R$ 1,82 compromete mais a competitividade brasileira do que a cotação de R$ 1,56 em julho de 2008, antes do aprofundamento da crise mundial. “O real está menos competitivo até mesmo comparado com o período anterior à maxidesvalorização cambial de 1999.”

Apesar disso, no curto prazo, não há expectativa de reversão desse quadro. Ao contrário. A previsão dos economistas é de que o dólar feche o ano mais próximo de R$ 1,70 do que de R$ 1,90. A razão principal é o movimento dos investidores estrangeiros, que voltaram a apostar em ativos mais arriscados, como o de países emergentes, entre eles o Brasil. Só na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o saldo de capital externo somava R$ 13 bilhões até 4 de agosto.

No setor produtivo, que recebe o chamado investimento de longo prazo, a cifra atingiu US$ 11,2 bilhões até maio. A explicação está na recuperação mais rápida da economia brasileira diante de países desenvolvidos. Todo esse entusiasmo dos estrangeiros com o País, porém, já começa a incomodar o setor industrial, especialmente aquele voltado à fabricação de produtos manufaturados. Para eles, o governo deveria tomar medidas para controlar o nível de capital especulativo no País de forma a manter a taxa de câmbio equilibrada e competitiva.

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