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Sustentabilidade será moeda de troca do agronegócio, diz diretor da Embrapa

O Brasil precisa cada vez mais captar valor sobre a sustentabilidade dos produtos e serviços agropecuários produzidos no próprio País, defende o diretor de Inovação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Cleber Soares. “A sustentabilidade será cada vez a mais moeda de troca do agronegócio brasileiro”, afirmou ele em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo e ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Na entrevista, o dirigente detalhou as estratégias de atuação da companhia em quatro eixos: sustentabilidade, inovação aberta, startups e inclusão tecnológica.

Todos, diz, são permeados pela ideia de que a agricultura do futuro será cada vez mais digital, seja no material genético desenvolvido, no acesso a bancos de dados e em processos que vão do plantio ao trato cultural, chegando à colheita, armazenamento e comercialização.

Soares destacou novas oportunidades que estão se abrindo para o agronegócio brasileiro como, por exemplo, a construção de marcas, certificações e processos de rastreabilidade usando a chancela da sustentabilidade. Segundo ele, aplicar isso em produtos como a carne, valorizando processos produtivos com baixa emissão de carbono, é um mercado com grande potencial.

Nesse sentido, exemplifica os avanços da Rede ILPF – associação entre a Embrapa e agentes do setor privado para aumentar o uso da integração Lavoura-Pecuária-Floresta, tecnologia lançada no Brasil e presente em cerca de 14,6 milhões de hectares.

“Precisamos desenvolver novas alternativas para, a partir de elementos tangíveis e quantificáveis, como o (os dados de emissão de) carbono dentro do sistema produtivo e, então, capturar valor sobre serviços agroambientais, como o menor uso da água, carbono e bem-estar animal”.

Segundo Soares, é preciso ganhar em cima dos diferenciais competitivos do Brasil, algo que ainda não é feito a contento. “Com a métrica da sustentabilidade, só o Brasil pode aumentar a produção atendendo a um mercado consumidor cada vez mais exigente. Temos sistemas integrados de produção, florestas plantadas, plantio direto na palha. São valores que passam despercebidos”, avaliou.

Inovação aberta

Soares disse que hoje “ninguém é detentor de todo o conhecimento” e defendeu alianças com diferentes segmentos econômicos e cadeias produtivas. “Temos de olhar para além da agricultura e além do alimento, ser mais protagonistas e indutores na busca de parcerias para alavancar os ativos e derivados das pesquisas”, comentou.

Um exemplo das novas estratégias, é a parceria recente com a Visiona, empresa do grupo da Embraer, especializada em tecnologia espacial. O objetivo é combinar o conhecimento científico que orienta a tomada de decisão com sistemas inteligentes aplicados ao campo para mapeamento e monitoramento das áreas produtivas.

Há também novos mercados a serem explorados que permitem a diversificação da produção e a agregação de valor. Um deles é o de grão de bico, fonte de proteína valorizada especialmente em regiões da Ásia e Oriente Médio. A Embrapa disponibilizou variedades adaptadas ao Brasil de olho num mercado que Soares qualifica como “bilionário”.

Agtechs

Sobre as startups, afirmou que a Embrapa deve estar presente e envolvida nos novos ecossistemas de inovação. “Seja induzindo ou trazendo parcerias para a empresa.”

Como exemplo, citou as maratonas e desafios para promover startups ao redor do Brasil, a presença em polos tecnológicos como a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), em Piracicaba (SP), e a elaboração de editais temáticos para que companhias impulsionem ativos da Embrapa. Mencionou, também, a parceria com fundos de investimentos para identificar startups com potencial de receber aportes.

Inclusão tecnológica

Por fim, Cleber Soares mencionou a diretriz de inovação social por meio da inclusão tecnológica e o desenvolvimento de políticas públicas. “Temos de promover riqueza para o pequeno, médio e grande”, disse, exemplificando com agregação de valor.

Como exemplo citou a batata doce com 10 vezes mais betacaroteno. “O esforço de produção é o mesmo, mas o valor é muito mais alto.”

O mesmo tem sido feito com outros produtos agropecuários, como abóbora, mandioca e grãos desenvolvidos para ajudar a suprir a carência nutricional de regiões mais pobres.

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