São Gonçalo – A Petrobras suspendeu todos os investimentos na Bolívia, mas não tem como abrir mão de investir o mínimo necessário para a manutenção da produção do gás natural enviado ao Brasil, informou ontem, em entrevista à imprensa, o diretor de Abastecimento e Refino da estatal, Paulo Roberto Costa. Ele disse que ?não há clima para manter qualquer investimento naquele país?.
?A intenção da Petrobras era de ficar com a parte minoritária das duas refinarias que possui na Bolívia e com a gestão dessas unidades. Mas a posição tomada pelo governo boliviano de que todos os derivados deverão ser negociados pela YPFB forçou a Petrobras a tomar a decisão de deixar de atuar no refino, lá?, disse o diretor, lembrando que a companhia fez uma oferta na noite de anteontem ao governo boliviano pelo controle das duas refinarias.
Segundo ele, caso a Bolívia não aceite o valor, a Petrobras realmente vai levar a decisão à arbitragem internacional. ?Isso não é ilegal. Está previsto no contrato e o que estamos fazendo é apenas seguir as regras assinadas no contrato?.
Ele salientou que a decisão não envolve apenas as duas empresas petroleiras, mas sim os interesses em comum de dois países. ?Não há como prever qual será a decisão de um governo, com seis meses de antecedência, mas há uma relação entre governos. E o governo brasileiro e o boliviano têm muitos outros interesses que não apenas o gás natural?, comentou.
Briga é da Petrobras
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em Santa Catarina, que a Petrobras não tem problema em vender as suas refinarias na Bolívia. ?A Petrobras quer um preço justo pelas refinarias. Se não for pago temos que ir à Justiça internacional para reaver os direitos da empresa?, afirmou.
Lula, porém, não considera a situação como uma briga de governos. ?Por enquanto a briga é com a Petrobras. Por enquanto não é uma briga que envolva o governo?, observou.
Evo
O presidente da Bolívia, Evo Morales, descartou arbitragem internacional no impasse sobre as refinarias da Petrobras e disse que a questão deve ser resolvida por meio do diálogo. ?Estou convencido de que com países vizinhos como o Brasil jamais será preciso apelar a arbitragens internacionais?, afirmou, de acordo com relato da Agência Boliviana de Informações (ABI).
?Com certeza haverá entendimento, isto não é um problema, só é preciso aprofundar o diálogo?, afirmou o presidente boliviano. Ele acrescentou que a Petrobras e a Bolívia não vão negociar a venda das refinarias pelos meios de comunicação.
Propostas
O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, informou que a proposta de venda das duas refinarias da Petrobras apresentada ao governo da Bolívia – uma em Cochabamba e outra em Santa Cruz de la Sierra – será discutida hoje, às 9h, em La Paz. Participam do encontro, segundo Rondeau, o presidente da Petrobras Bolívia, José Fernando de Freitas, e o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas.
Anteontem, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse que a estatal apresentaria uma proposta final de venda de 100% das refinarias e deu prazo de 48 horas para que o governo boliviano desse uma resposta. Silas Rondeau disse, ontem, que esse prazo está mantido.