A suspensão do financiamento para a aquisição de máquinas e equipamentos por meio do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), determinada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), paralisou 80% das vendas desses equipamentos para o setor agrícola. A estimativa é do da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). “Foi uma enorme surpresa, pois o governo tirou do produtor o único mecanismo para aquisição de máquinas utilizado até então”, disse José Carlos Pedreira de Freitas, diretor-adjunto da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq.
Freitas lembra que desde o ano passado, ainda no governo Luiz Inácio Lula da Silva, os setores de bens de capital negociavam a prorrogação do PSI e já havia um consenso pela continuidade. “A alteração seria apenas nos juros atuais, de 5,5% ao ano, que iriam para entre 6,5% e 7%”, disse. “A interlocução sempre foi excelente, inclusive no governo da presidente Dilma Rousseff, mas suspenderam tudo de repente e o BNDES alegou que o problema seria resolvido pelo Ministério da Fazenda”, completou o diretor da Abimaq.
Ainda de acordo com Freitas, o presidente da entidade, Luiz Aubert Neto, manteria contatos com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para tentar uma solução para o caso. O BNDES alegou, para suspender as linhas de financiamento do PSI, que os recursos destinados ao programa, de R$ 130 bilhões, já estariam comprometidos a pouco mais de um mês do fim, previsto para 31 de março.
Entre as empresas, a suspensão do PSI causou surpresa, principalmente pela falta de comunicação do governo da decisão. “Os bancos sabiam, informaram aos produtores e só assim nós ficamos sabendo”, lamentou Amilcar Rostro, diretor da Industrial Page, empresa produtora de silos e equipamentos para a armazenagem em Araranguá (SC).
De acordo com ele, a decisão do governo ocorre em um momento que o setor de armazenagem projetava uma alta de 30% no faturamento para 2011, de uma receita anual de R$ 800 milhões, em 2010, para mais de R$ 1 bilhão este ano. “Simplesmente não sabemos o que vai acontecer a partir e agora”, comentou.
Já Francisco Maturro, diretor Comercial da Jumil, indústria de implementos em Batatais (SP), cobrou que “o governo precisa se posicionar imediatamente sobre o tema para tranquilizar o produtor rural e as indústrias”. Maturro lembra que a decisão tomada pelo BNDES ocorre “justamente quando o produtor investe em máquinas e implementos para a colheita da maior safra agrícola da história”.