A Prefeitura de Guarapuava distribuiu ontem à população 120 toneladas de batatas que iriam ser jogadas fora pelos produtores locais. Por causa do excesso de produção e do preço baixo há duas semanas, os produtores estavam jogando o produto no aterro sanitário da cidade. A Prefeitura, no entanto, alega que só soube do desperdício na última sexta-feira, depois que o assunto foi divulgado na mídia, e por isso as doações começaram só agora.
Dados do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão ligado à Secretaria de Estado da Agricultura, mostram que enquanto nessa mesma época de 2006 os produtores estavam recebendo em média R$ 50 pela saca da batata, este ano o preço da saca está na faixa de R$ 7.
?Nós recolhemos o excedente nos armazéns dos produtores e distribuímos em frente ao albergue da cidade ontem pela manhã. Entregamos também para dez entidades assistenciais e para as associações de moradores dos bairros também?, contou a secretária municipal da Promoção Social, Maria do Carmo Abreu.
O aumento na produção de batatas no Paraná nesta safra, comparada com a safra 2005/2006, foi de 35%. Segundo o técnico do Deral, Dirlei Antonio Manfio, por causa do alto preço do ano passado os produtores aumentaram a área plantada e também investiram em tecnologia nesta safra. Entretanto, em 2006 o clima não colaborou e a produção foi mais baixa. Já este ano, explicou Manfio, aconteceu o contrário em todo o País. A colheita da 1.ª safra do ano passado foi de 313 mil toneladas em todo o Estado. Este ano a previsão é que se colha 423 mil toneladas.
O secretário municipal de Agricultura de Guarapuava, Ireno Francisco Cichaczewsky, afirmou que não existe um cálculo do prejuízo dos produtores da região. ?Mas é certo que não compensa lavar, embalar, transportar. Isso sai mais caro que a produção. É melhor doar?, explicou.
Medidas
O secretário da Agricultura, Newton Pohl Ribas, anunciou ontem duas medidas para reduzir a crise enfrentada pelos produtores de batata. A primeira oferta o acesso direto dos produtores às cinco Ceasas (Centrais de Abastecimento do Paraná) instaladas em Curitiba, Maringá, Londrina, Foz do Iguaçu e Cascavel.
Outra medida tomada por Newton Pohl Ribas foi encaminhar um ofício ao ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, solicitando que sejam disponibilizados recursos emergenciais para que os produtores possam participar do programa ?Compra Direta? do governo federal.
Safra de verão 2006/07 do Paraná será 18% maior
A produção da safra de grãos de verão é estimada em 20,80 milhões de toneladas, indicando que o Paraná poderá produzir 18% a mais que o volume obtido na safra de verão anterior, quando os agricultores produziram 17,60 milhões de toneladas. Os dados foram divulgados ontem pelos técnicos do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura, que concluíram o sexto levantamento da produção de grãos da safra de verão 2006/07, e a primeira estimativa de plantio do milho safrinha.
Culturas como a soja e o milho estão sendo beneficiados pelo clima. A produção de soja continua sendo estimada em 11,81 milhões de toneladas, e caso esta produção se confirme o volume obtido será 27,5% superior ao da safra 2005/06, que foi de 9,26 milhões de toneladas.
A produção do milho primeira safra, em condições normais de clima, deve ficar em 8,20 milhões de toneladas. Se confirmada a estimativa, a produção será 6,7% maior que a da safra anterior, quando foram colhidas 7,69 milhões de toneladas de milho.
Milho safrinha
O primeiro levantamento de plantio do milho safrinha aponta que podem ser cultivados 1,06 milhão de hectare nesta safra. A área é 9,6% superior à plantada no ano passado. ?Mas esta área pode ser ainda maior devido ao estímulo que o produtor está recebendo com o aumento nos preços de mercado, e boas perspectivas no mercado externo?, comentou o secretário da Agricultura, Newton Pohl Ribas. Nesta semana, o produtor recebeu, em média, R$ 16,72 a saca de 60 quilos. Um valor 41% superior ao registrado no mesmo período de 2006, que foi de R$ 11,86. As maiores produções do milho safrinha devem se concentrar nas regiões de Campo Mourão, Cascavel, Francisco Beltrão e Toledo.
Feijão das águas
O Deral aponta redução na produção de feijão das águas, ou primeira safra. O excesso de chuva em dezembro de 2006 e no início de janeiro impediu que os produtores colhessem as 652.418 toneladas, previstas anteriormente. Com a redução de produtividade e da qualidade, a produção é estimada atualmente em 659.492 toneladas, uma redução de 12,7%.
Feijão das secas
A área estimada com o feijão da segunda safra também foi reavaliada neste mês pelos técnicos do Deral. Ela deverá ser 24% inferior à área cultivada em 2006. A produção, se as estimativas se confirmarem, deverá ficar em 298.864 toneladas, demonstrando que a produção esperada pode ficar 9% menor que à obtida anteriormente. ?Um dos motivos para o menor investimento na cultura são os baixos preços recebidos no momento?, explicou o diretor-do Deral, Paulo Meira. Entre os dias 22 e 26 de janeiro, o produtor recebeu, em média R$ 33,68 pela saca de 60 quilos do feijão preto, e R$ 42,38 pelo feijão de cor. Estes valores são 47% e 30%, respectivamente, inferiores aos praticados no mesmo período de 2006, quando o produtor comercializou seu produto por R$ 63,77 e R$ 60,30. (AEN)